As siderúrgicas brasileiras apresentaram no primeiro trimestre do ano um resultado forte, mas a percepção de que os próximos períodos serão “desafiadores” ganhou a cena. Ao estimarem um ambiente mais adverso no segundo trimestre, diante de um baixo crescimento da economia e dos feriados adicionais do ano, os executivos das empresas focam em contínua melhora operacional.

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Em relação aos resultados nos primeiros três meses do ano, as siderúrgicas apresentaram melhora no desempenho. Uma das razões foi o aumento do preço do aço logo no início do ano, o que ajudou as empresas a apresentarem recuperação de margens, que vinham pressionadas. No período, o aço plano subiu, na média, 6%.

O diretor-presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, afirmou que está acompanhando de perto a evolução da demanda no Brasil e, diante do baixo crescimento da economia, a empresa continuará buscando melhorar a competitividade das operações. “O cenário traz incertezas e poderá ser impactado pela Copa e pelas eleições”, afirmou o executivo.

“O setor de construção segue em ritmo mais lento, apesar de ainda estarem acontecendo muitas obras de infraestrutura, enquanto no segmento residencial o ritmo está mais estável e no agro tem ocorrido crescimento”, observou o executivo.

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Para a siderúrgica gaúcha, que obteve lucro líquido de R$ 440 milhões, alta de 175% ante o registrado no mesmo trimestre do ano passado, a percepção de melhora nos demais mercados em que atua, como Europa e Estados Unidos, é um fator positivo a favor da empresa.

O diretor vice-presidente Comercial da Usiminas, Sérgio Leite, disse, em teleconferência em que comentou os resultados trimestrais da siderúrgica no fim de abril, que a estimativa da empresa era que no segundo trimestre do ano os feriados no período deverão afetar os negócios. A companhia que lucro líquido de R$ 222 milhões no primeiro trimestre, revertendo, assim, o prejuízo de R$ 123 milhões do mesmo período do ano passado, aposta na melhora operacional para driblar a adversidade sinalizada para a economia neste ano. “Hoje podemos falar que, no início do exercício de 2014, os números mostram que estamos não apenas no caminho certo, mas que também temos colhido resultados efetivos a cada período”, disse o presidente da Usiminas, disse o presidente da Usiminas, Julián Eguren, na mesma teleconferência.

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Para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) há excesso de negativismo no mercado brasileiro. “O ano será bom, no Brasil se tem renda, crédito e o consumo para sustentar a economia neste ano”, disse Luis Fernando Barbosa Martinez, diretor executivo responsável pela área comercial de siderurgia, em teleconferência com analistas e investidores, para comentar os dados referentes a primeiro trimestre do ano.

O diretor executivo responsável pela área de Relações com Investidores David Moise Salama fez questão de frisar que a CSN está otimista em relação à demanda de aço no mercado brasileiro neste ano. Martinez, por outro lado, admitiu que o setor automotivo, responsável por 30% e 35% do consumo aparente de aço no Brasil, passa sim por um momento “difícil”, mas o executivo acredita que “é algo pontual”. O setor aguarda um pacote de crédito para ajudar a alavancar as vendas de automóveis. A CSN reportou um lucro líquido de R$ 52 milhões no primeiro trimestre de 2014, alta de 225% em relação ao visto um ano antes.

Em relatório, o Citi afirmou que siderúrgica de Volta Redonda (RJ) apresentou um Ebitda forte no primeiro trimestre do ano, mas há preocupações em torno do cenário do consumo de aço no Brasil no segundo semestre e para 2015. A ação ordinária da Gerdau acumula perdas de mais de 21% em 2014, as preferenciais perdem mais de 20% no período. O papel da CSN recua 35% no ano. A ordinária da Usiminas perde mais de 34% e a PNA -38%.