Rio

  – A petroleira anglo-holandesa Shell anunciou ontem à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a descoberta de um reservatório de petróleo de boa qualidade no Brasil, no litoral do Espírito Santo. É a terceira descoberta da empresa no País, mas a primeira com óleo considerado leve – com maior valor de mercado e mais fácil de extrair. As primeiras estimativas dão conta de uma reserva de 150 milhões de barris por dia, na mesma região onde a empresa já havia descoberto outros 330 milhões de barris de petróleo pesado.

A Shell não se pronunciou sobre a descoberta, divulgada pela ANP, o que teria causado um certo mal-estar entre a multinacional e a agência. Segundo a ANP, o anúncio de ontem representou a sexta descoberta no bloco exploratório BC-10, da Bacia de Campos, e fica a apenas 25 quilômetros do poço que encontrou os 330 milhões de barris de óleo pesado, “sendo provável que todas elas (as reservas) sejam desenvolvidas em conjunto”. Quer dizer, com apenas uma plataforma de produção.

O bloco BC-10 fica a 150 quilômetros de Vitória, capital do Espírito Santo, e o reservatório de óleo leve, a uma lâmina d?água (distância entre a superfície e o fundo do mar) de cerca de 1,5 mil metros, o que o configura como um campo de águas profundas. Segundo a ANP, o grau API (medida de qualidade do óleo) do petróleo encontrado fica entre 20º e 25º. Quanto maior o grau API, mais leve é o óleo. O petróleo Brent, por exemplo, considerado padrão mundial de preços, fica entre 30º e 35º API. O mais pesado petróleo brasileiro, do campo de Marlim, tem 17º API.

Para a consultora Fabia Fantoni, da Tendências, a nova descoberta pode gerar impacto positivo na balança comercial, pois a Petrobras importa óleo leve para misturar ao óleo pesado produzido no País e ter um produto melhor em suas refinarias. Além disso, pode aumentar a necessidade de ampliação do parque de refino, já definida em estudo feito pela ANP. A Shell foi uma das poucas empresas estrangeiras a sinalizar com a possibilidade de participar de um empreendimento no setor.

A Shell não quis se pronunciar sobre a viabilidade econômica da nova descoberta, mas já vem se mostrando como a maior petroleira privada com atividades no setor de exploração e produção no País. Além dos 330 milhões de barris do BC-10, onde tem parceria com a Petrobras e a ExxonMobil, a empresa encontrou indícios de petróleo no bloco BS-4, na Bacia de Santos, e prepara-se para iniciar a produção no campo de Bijupirá-Salema, em Campos – ambos também em parceria com a estatal.

Bijupirá-Salema terá capacidade para produzir 70 mil barris de petróleo por dia e começa a operar em meados de 2003. O campo pertencia à petroleira britânica Enterprise Oil, comprada pela Shell este ano, que se tornou parceria da Petrobras. A Shell participa ainda de 14 blocos concedidos nas rodadas de licitação da ANP.

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