A balança comercial do setor têxtil e de confecções encerrou o primeiro semestre deste ano com um déficit de US$ 1,578 bilhão, apontam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, compilados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). O rombo no saldo comercial é 62,4% maior que o registrado em igual período de 2009, quando o déficit atingiu US$ 971,6 milhões.
“A perspectiva é de que o déficit comercial chegue a US$ 3 bilhões em 2010”, calcula o presidente da entidade, Aguinaldo Diniz Filho. Se a projeção se confirma, será o maior resultado negativo da balança comercial do setor, que até 2004 apresentava anualmente superávit.
De janeiro a junho deste ano, as importações somaram US$ 2,252 bilhões, com crescimento de 46,89% em relação ao primeiro semestre do ano passado. As exportações atingiram no primeiro semestre deste ano US$ 674,7 milhões, com acréscimo de 20% na comparação anual. Os dados excluem o comércio exterior de fibras de algodão, cujas exportações são de grande volume e, segundo o presidente da Abit, distorcem a balança comercial do setor.
“Há um aumento das importações predatórias”, afirma Diniz Filho, fazendo referência às compras da China de itens de vestuário. No primeiro semestre de 2009, as compras externas de itens de vestuário de todos os países cresceram 14,77% em valor e as importações desses produtos, vindos apenas da China, aumentaram 18,35%. Só em junho, as importações da China em valor aumentaram 85,17% em relação ao mesmo mês de 2009, enquanto as importações totais cresceram 76,94%.
A China foi o grande destaque na primeira metade deste ano. Das importações brasileiras de vestuário do primeiro semestre, 63% foram provenientes da China e apresentaram preço médio de US$ 12,65 por quilo, segundo a Abit. O preço do produto chinês é 39% mais baixo do que a média dos preços dos mesmos itens fabricados em outros países. Em contrapartida, as exportações brasileiras de vestuário, no primeiro semestre de 2010, tiveram uma média de preço de US$ 39,44 quilo.