Setor moveleiro enfrenta período difícil

O setor moveleiro está passando por um período de dificuldades. A situação pode ser conferida em Arapongas, Norte do Paraná, onde de cada dez habitantes, praticamente seis estão de alguma forma envolvidos com o setor. ?A dificuldade começou em abril e não se recuperou mais. O mercado interno está muito abalado?, apontou Rajanand Albano da Costa, diretor geral do Consórcio de Exportação (Conex), Furniture Brazil. Com o dólar baixo, as exportações do setor também ficam prejudicadas.

?Sem dúvida, com a queda do dólar as empresas perderam bastante competitividade lá fora e estão tendo que usar a inteligência para encontrar caminhos alternativos?, afirmou, citando como exemplo a ampliação da carteira de clientes, troca de produtos, agregação de diferenciais ao produto, melhoria no atendimento. Costa lembrou, porém, que as empresas de Arapongas e região exportam muito pouco. ?Existia uma grande empresa que exportava muito, mas a maioria das fábricas exporta quase nada?, comentou.

Quanto à possível ameaça de outros países, Costa citou a China. ?É um país forte no setor comercial e uma ameaça que está se aproximando?, afirmou. Em Arapongas e região, os móveis se concentram na linha econômica, cujos principais clientes são países da América Central, África e Médio Oriente.

Para o Conex, afirmou Costa, ?a expectativa é excelente.? ?Os números que não foram atingidos no primeiro semestre devem ser atingidos no segundo?, disse. Segundo ele, as dificuldades no setor foram percebidas em março e logo foram feitas adequações para driblar os obstáculos. ?Já em março, ficou evidente que a situação só complicaria?, disse. Apesar do dólar baixo, Costa afirmou que o Conex decidiu não mexer nos preços dos produtos. ?A baixa do dólar está comendo nossa rentabilidade, e em algumas situações nos mantivemos no mercado mesmo com prejuízo.? A Conex compreende 18 empresas moveleiras da região de Arapongas e tem como projeto se tornar em oito anos – ela foi fundada em 2003 – a maior empresa de exportação de móveis do Brasil.

Sem crise

Para o diretor-executivo do Sindicato da Indústria Moveleira de Arapongas (Sima), Sílvio Luiz Pinetti, as vendas fracas do setor não significam crise. ?Historicamente, junho e julho são terríveis para o setor moveleiro. É um período de entressafra, digamos assim, mas não chega a ser um quadro assustador?, afirmou. ?Para nós, está estável?, amenizou Pinetti, sem citar números de comparação com o ano passado.

Segundo ele, exemplo de que não se trata de crise alguma é o fato de que das 545 empresas moveleiras na região de Arapongas, nenhuma fechou. Apesar disso, desde o início do ano até o último dia 8, o setor demitiu 1.443 funcionários. O ramo moveleiro emprega cerca de 15 mil pessoas direta e indiretamente na região, 7.890 apenas em Arapongas.

Com relação à crise cambial, Pinetti afirmou que as empresas estão sendo pouco afetadas. ?Exportamos apenas 15% da produção?, comentou. No mercado doméstico, os maiores compradores são Rio de Janeiro, São Paulo e estados do Nordeste. ?Trabalhamos com um linha média, popular. As grandes redes, por exemplo, continuam comprando quase normalmente?, disse. Para Pinetti, a expectativa é que já a partir de agosto as vendas voltem a alavancar.

No ano passado, o setor movimentou R$ 812 milhões em Arapongas e R$ 1,3 bilhão em todo o pólo, que compreende 13 municípios da região. Em todo o País, o setor movimentou R$ 12,5 bilhões. Já as exportações de Arapongas movimentaram cerca de US$ 42 milhões no ano passado. No País, foram US$ 940 milhões. 

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