Concorrência com produtos importados e redução na matéria-prima estão entre os principais desafios que o setor moveleiro precisa saber enfrentar para se manter no mercado.
O investimento em tecnologias e a aproximação com novos consumidores podem ser estratégias vitais para continuar atuando. No entanto, é preciso encontrar formas sustentáveis para produzir.
Esses e outros temas foram discutidos ontem em Curitiba no Seminário Oportunidades para o Setor Moveleiro, promovido pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo dados do Sindicato da Indústria do Mobiliário e Marcenaria do Estado (Simov) o setor é formado por três mil indústrias moveleiras formais, das quais, 1,5 mil estão em Curitiba e Região Metropolitana, e cerca de 600 na região de Arapongas. O Paraná é hoje o terceiro maior exportador de móveis do Brasil – ficando atrás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul – e movimentou em 2007 US$ 111 milhões, contra US$ 1 bilhão do Brasil – 50% dos produtos foram para os Estados Unidos.
O presidente do Simov, Constantino Bezeruska disse que um dos desafios do setor é enfrentar a concorrência, tanto interna, como de móveis da China. ?Hoje existe uma grande quantidade de móveis planejados e sob medida, além dos fornecedores, que também estão produzindo?, comentou. Aliado a isso, terão que conviver com a redução da matéria-prima, que começa a faltar. Bezeruska confirmou que fábricas de Santa Catarina estão, há dois anos, comprando pinus da Argentina.
Baixa renda
Uma das estratégias para driblar a concorrência, defende o diretor da Avenida Brasil Comunicação e Marketing, Renato Meirelles, é despertar novos consumidores. Segundo ele, o consumidor classificado como baixa renda – que recebe até 10 salários mínimos de renda familiar e está entre as classes sociais C, D e E – vem crescendo e aumentando seu poder de compra. Hoje ele detém 67% dos cartões de crédito, e nos últimos dez anos teve um aumento de 280% no salário mínimo, enquanto a inflação foi de 147% no período. ?Isso significa que sobra mais dinheiro para comprar, e o grande desafio hoje é atingir esse consumidor?, ponderou Meirelles.
Os programas sociais, como o Bolsa Família – que distribuiu R$ 11 bilhões em 2007 -, na opinião de Meirelles, gera um círculo virtuoso, já que movimenta diversos setores do comércio, que acaba crescendo em função desses consumidores. Em relação ao setor moveleiro, Meirelles afirma que grandes varejistas estão focando na qualidade para atingir esse público, assim como, investindo em mídias diferenciadas.
Mas na opinião do comentarista do programa Repórter Eco da TV Cultura, Washington Novaes, tanto o setor moveleiro como todos os setores produtivos brasileiros, precisam, antes de tudo, estar atentos a sustentabilidade. ?O Brasil é o quarto maior emissor dos gases que provocam o efeito estufa, sendo que 75% da emissões são por causa do desmatamento e queimadas?, falou. E pior, ?as florestas plantadas no Brasil atendem a apenas um quarto da demanda no País?.