Foto: Fábio Alexandre/O Estado |
Roberto Gava: demissões. continua após a publicidade |
A crise do setor madeireiro foi discutida ontem em uma reunião realizada na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), com a participação da Delegacia Regional do Trabalho. As demissões (mais de 4 mil desde maio de 2005) e as soluções para sair do mau momento vivido pelo segmento foram os principais assuntos abordados no encontro com os empresários.
O presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Roberto Gava, explica que duas medidas que poderiam tirar o setor da crise seriam a busca por novos mercados e a redução da qualidade dos produtos provenientes da madeira. Gava cita o exemplo dos móveis, que poderiam ser fabricados com modelos mais populares com a intenção de abrir outros mercados. ?Mas estaríamos abandonando um mercado de tradição. Seria tremendamente negativo, pois mostra ao mercado exterior que os produtores não têm constância?, afirma.
O dilema continua quanto ao mercado interno. A venda dos produtos de base florestal poderia ser aumentada desde que a demanda interna também crescesse. Isto aconteceria quando a população tivesse uma renda melhor. ?Não precisaríamos buscar desesperadamente a exportação, mas a gente sabe que a realidade não é essa?, comenta Gava.
Segundo o delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk, houve 4,2 mil demissões do setor madeireiro desde maio de 2005. Este fato se tornou preocupante nas cidades onde a indústria da madeira é uma das principais economias, como os municípios do sul e centro-oeste do Estado. ?Estes homens e mulheres podem migrar para a criminalidade, pois não têm outra oportunidade de emprego?, esclarece.
A crise do setor madeireiro está ligada a dois fatores: o ?apagão? florestal e a queda do dólar. ?A produção florestal está em segundo lugar no agronegócio, perdendo apenas para a soja. O que acontece é que a empresa está recebendo muito menos e pagando as mesmas contas?, relata Gava. Para Serathiuk, é preciso estudar todos os fatores que levaram o setor à crise. Ele lembra que as empresas madeireiras sofriam com a falta de estoque quando veio o fenômeno do dólar baixo. Os aspectos ambientais e econômicos, como uma redução de impostos para o segmento, estão sendo discutidos constantemente para que a crise acabe o mais rápido possível.
Gripe aviária
A diminuição das vendas de frango no mercado externo, ocasionados pela gripe aviária, fez a empresa C.Valle, de Palotina, demitir 260 trabalhadores e diminuir em 20% o abate de aves. Já a Copacol de Cafelândia está propondo a redução salarial de 20% para evitar demissões.
Em razão desta informação, repassada pelos sindicatos dos trabalhadores, a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) está convocando uma mesa de entendimento entre as partes envolvidas, federação de trabalhadores da categoria e empregadores. (Joyce Carvalho)