Segundo Camargo, desde o pico de déficit, de US$ 450 milhões, em 1997, quando o dólar e o real estavam próximos da paridade, o setor conseguiu reverter gradativamente seu saldo comercial. “Isso ocorreu não só por causa da regularização da cotação do real, mas também pelo amadurecimento do investimento de US$ 6 bilhões feito pelas empresas brasileiras na década de 90.”
De fato, o caderno brasileiro e outros artigos de papelaria vêm fazendo nome no mercado internacional, até mesmo no Iraque. “Recebemos alguns pedidos de cotação para papel A4, envelopes, fita adesiva e caderno”, diz o presidente da recém-fundada Câmara de Comércio Brasil-Iraque, Jalal Jamel do Chaya.
Embora o Brasil esteja impedido de participar das licitações do governo iraquiano, por não ter apoiado a invasão americana, nada impede que as empresas brasileiras fechem negócios com o setor privado do Iraque, pois o embargo econômico contra o país foi retirado.
Tomando como base as exportações brasileiras para o Iraque antes do embargo, na década de 80, a Câmara de Comércio calcula que o Brasil tem um potencial de negócios de até US$ 1 bilhão este ano no país, subindo para US$ 1,2 bilhão, em média, nos próximos 5 anos. E a avaliação é conservadora, diz Chaya. “Depois de um embargo de 15 anos, o Iraque está precisando de mais coisas do que naquela época.”
Se os acordos com empresas iraquianas forem fechados, os cadernos e itens de papelaria vão abastecer até mesmo os soldados americanos. “Eles chegaram à conclusão de que é mais barato comprar esse material no mercado iraquiano do que trazer dos Estados Unidos”, diz Chaya. A expectativa é de aumentar as exportações, de US$ 180 milhões, em 2003, para até US$ 200 milhões este ano.