As ocorrências no mercado financeiro mundial estão ameaçando a estabilidade e o progresso do mesmo, segundo o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia. "A incerteza sobre o custo de acesso ao crédito está se espalhando do epicentro do tremor inicial, no setor de financiamento de imóveis nos Estados Unidos, para outras partes da economia e outros países", advertiu em discurso ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês) do Fundo Monetário Internacional, no Encontro de Primavera, em Washington, EUA. A escala da turbulência atual, alertou, pode fazer com que esta crise financeira seja a "mais severa desde 1945".

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Ao Comitê que orienta as prioridades políticas do FMI, Somavia disse acreditar que a desaceleração considerável do crescimento nos EUA, e em outros países industrializados, pode se prolongar por um período de dois a três anos. Ele relembrou ao Comitê projeção divulgada dia 9 pelo próprio FMI, de crescimento global de 3,7%, para 2008 e 2009, citando risco crescente de que a taxa caia para menos de 3%, "equivalente a uma recessão global", nas palavras do Fundo. Em 2007, o crescimento ficou próximo de 5%.

"O impacto sobre os mercados de trabalho é aparente nos EUA e parece provável que vai atingir outros países durante 2008", previu Somavia, tendo por base pesquisa divulgada no segundo trimestre do ano, citando que as empresas pretendem evitar contratação de pessoal. "Espero que as medidas adotadas pelo Federal Reserve, a administração (Bush) e o Congresso (dos EUA) evitem uma desaceleração profunda e prolongada e que ação (promovida) por outros países industrializados evite que se espalhe."

Para os emergentes, Somavia recorreu a outro ponto do relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO), divulgado pelo FMI, para dizer que, "embora economias importantes do mundo desenvolvido possam ter alguma resiliência aos efeitos do aperto de crédito", o FMI indicou que os riscos ao crescimento global permanecem negativos. O diretor-geral da OIT diz que políticas fiscal e monetária contracíclicas precisarão refletir situação específica dos países.

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