Agentes privados do setor elétrico não querem ingerência do governo no setor. O recado foi dado ontem, quando as empresas votaram contra a prorrogação dos mandatos do presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Antonio Carlos Fraga Machado, e da conselheira Élbia Melo, sugerida em decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Os mandatos dos dois expiravam ontem e o decreto permitia a prorrogação por 30 dias, mas a assembleia dos agentes da CCEE rejeitou a proposta. “Foi uma baita derrota política para a Dilma”, afirmou uma fonte do setor.
Para a vaga de Élbia, que ocupa um posto de indicação do mercado, foi eleito Ricardo Lima, ex-presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais (Abrace). Essa foi outra derrota para o governo que, por meio da Eletrobras, apoiou o nome de José Roberto Chaves, funcionário aposentado da Duke Energy. Também estava no páreo Dimas Costa, funcionário de carreira da Cemig, que segundo a fonte seria o indicado “natural” do presidente da Eletrobras, José da Costa, que trabalhou na Cemig durante anos. Porém, como a Cemig é ligada diretamente ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), apoiar Dimas não soaria bem.
Diante da rejeição da recondução de Machado para a presidência da CCEE por 30 dias, Luiz Fernando Amaro Couto da Silva, conselheiro mais antigo do órgão, assume interinamente o posto até a eleição do presidente em nova assembleia. Segundo a fonte, o nome praticamente “unânime” para ocupar o posto é Luiz Eduardo Barata, atual superintendente da CCEE. Outra derrota do Planalto, segundo a mesma fonte, seria o recuo, pelo menos por enquanto, de um decreto que aumentaria seu poder na CCEE, depois das repercussões negativas da minuta divulgada no último dia 14.