Setor de serviços refaz projeções para ambiente pior no 2º semestre, diz FGV

Após depositarem as esperanças no segundo semestre, os empresários do setor de serviços mostraram-se frustrados pela rápida deterioração do mercado de trabalho brasileiro. Isso afundou as expectativas e contribuiu para a queda de 2,9% na confiança da atividade em julho, explicou nesta terça-feira, 28, o economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e responsável pela Sondagem de Serviços.

Com o resultado anunciado hoje, o indicador atingiu, mais uma vez, o mínimo histórico da série, iniciada em junho de 2008. “Três meses atrás, a percepção relativamente mais positiva era alimentada por expectativas, mas isso não se confirmou”, disse o economista. “À medida que (os empresários) sentem as informações quantitativas apuradas, eles refazem previsões para um ambiente um pouco pior do que antes.”

A rápida deterioração no mercado de trabalho também contribui para a nova onda de pessimismo. Só em julho, as expectativas pioraram 7,1%, segundo a FGV. No mês passado, os outros serviços (que incluem serviços pessoais como cabeleireiro) demitiram 114 mil pessoas nas seis principais regiões metropolitanas do País em relação a junho de 2014. No total, 298 mil pessoas perderam seus empregos no período, e a taxa de desemprego foi a 6,9%, a maior desde junho de 2010, de acordo com o IBGE.

Menos brasileiros empregados significa menos renda circulando e disponível para adquirir serviços. “O desaquecimento do mercado de trabalho chegou com muita força, e isso pode estar influenciando as expectativas. Isso (ajuste no emprego) mexe com propensão de consumo, principalmente de serviços”, explicou Sales.

Não é por acaso que a previsão de demanda para os próximos três meses atingiu um mínimo histórico. Ao todo, 20,6% das empresas esperam redução no volume de vendas no período, enquanto 19,0% projetam aumento. É a segunda vez na história da sondagem em que pessimistas superam o número de otimistas.

Só que a percepção ruim sobre as vendas retroalimenta o movimento no mercado de trabalho. Em julho, 26,5% dos empresários declararam que vão demitir nos próximos três meses, o maior porcentual já registrado na série. “Sem dúvida haverá queda real no volume de serviços este ano”, afirmou Sales.

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