A falta de poder de negociação em um mercado altamente concentrado está entre as principais causas de um possível aumento de 13% a 17% nos produtos derivados de resinas plásticas.
Nos três primeiros meses do ano, a matéria-prima já foi reajustada em aproximadamente 20% no mercado nacional, dominado pela petroquímica Braskem.
Segundo o Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado do Paraná (Simpep), o setor deve repassar o reajuste aos clientes. Em cerca de 40 dias, no máximo, os consumidores já poderão sentir os aumentos.
A resina plástica é aplicada em diversos setores da indústria. O Simpep, por exemplo, reúne empresas dos segmentos automobilístico, que utiliza o produto em autopeças; da linha branca; de embalagens para alimentos; construção civil (o PVC, usado em canos, é derivado do material) e higiene (fraldas, absorventes e outros produtos utilizam a resina em sua fabricação). Sacolas plásticas e garrafas PET também são feitas com o material.
Dependendo da atividade, o repasse nos preços é praticamente imediato. Tudo depende dos contratos firmados com os clientes. Fabricantes de sacolas, por exemplo, costumam firmar acordos de três meses com seus compradores. Nesse caso, o reajuste fica sempre para o próximo contrato.
Os reajustes, que começaram a acontecer no início do ano, são no mínimo polêmicos, na visão do Simpep. Apesar de acompanharem os preços internacionais da resina plástica, que também aumentaram em proporção parecida, os valores, no Brasil, dispararam após a aquisição da Quattor pela Braskem, em janeiro.
As duas empresas, antes controladas pela Petrobras e pelo grupo Odebrecht, respectivamente, eram as únicas grandes concorrentes do setor, que ficou monopolizado.
“Antes as cotações eram feitas com duas empresas diferentes. Não era bom também, mas ao menos era possível obter condições comerciais melhores”, diz a representante de uma empresa de material plástico, que prefere não se identificar, por receio de represálias da fornecedora. Segundo ela, agora as indústrias do ramo só têm as opções de importar o produto, ou comprá-lo da Braskem.
O problema é que, na hora de importar, por mais que os preços possam estar mais baixos, esbarram no imposto de importação, que é de 14%. Em comunicado, o Simpep informou que o imposto “tornou-se desnecessário, já que foi criado para proteger as indústrias quando ainda existia um complexo petroquímico nacional composto por várias empresas”.
Outra dificuldade está no fato da maioria das empresas do ramo serem pequenas ou médias, e por este motivo têm poucas condições de fazerem cotações com fornecedores estrangeiros.