O setor de cerâmica não teve o que reclamar de 2010. Segundo o Sindilouça-PR, entidade que representa o segmento no Estado, houve um crescimento de 10% nas vendas de produtos. O resultado animador está deixando tanto fabricantes quanto lojistas otimistas para 2011. O setor espera crescer neste ano entre 10% e 20% na comparação com o ano passado.
O presidente do Sindilouça-PR, José Canisso, explica que, em anos anteriores, a entrada da porcelana chinesa – mais barata do que a nacional – e a menor capacidade de compra da população brasileira, travaram as vendas. O setor resolveu investir no mercado interno e conseguiu ótimos resultados. Atualmente, em média, as fábricas exportam apenas 20% de sua produção. “Com o dólar baixo, começou o sofrimento. Alguns contratos foram mantidos. Mas enquanto o dólar estiver neste patamar, perde-se dinheiro”, afirma.
No ano passado, as fábricas com maior porte se modernizaram e adquiriram fornos que reduziram o tempo de queima das peças. Já as pequenas empresas investiram na criatividade para produzir peças que o mercado necessitava. Em Campo Largo (na Região Metropolitana de Curitiba), cidade referência em cerâmica no País – a única que produz porcelanas -, são 36 empresas neste segmento.
Daniel Caron |
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Roberto: “Clientes seguem fiéis”. |
Após uma parada de dois meses e uma reestruturação na empresa, a Porcelana Schmidt apresentou bons resultados no fim de ano, segundo Roberto Lange, superintendente de produção da Schmidt. Atualmente, a fábrica exporta pouco, mas vende produtos para todo o Brasil. “O cliente mais fiel é o da linha bar e hotel, que representa de 60% a 65% das vendas”, revela.
Depois de um 2010 complicado, a Porcelana Schmidt está confiante para 2011. Lange não cita projeções, mas diz que a expectativa é aumentar a produção e as vendas. A empresa tem capacidade para produzir 2,1 milhões de peças por mês, mas hoje em dia produz metade disto.
Na Germer Porcelanas Finas, também de Campo Largo, o crescimento no ano passado foi de 15%. Em 2010 a empresa investiu em equipamentos e já detectou um aumento no número de pedidos. A expectativa da fábrica é crescer 30% em 2011.
O presidente do Sindilouça-PR acredita que o setor de cerâmica no Paraná pode crescer 10% em 2011. “Todo mundo se preparou para mais crescimento. A parte de piso e revestimentos, usados na construção civil, tem até uns dois, três anos de grande movimentação”, comenta. Ele lembra que as empresas de cerâmica estão contratando. No início deste ano, somente uma fábrica admitiu 100 funcionários. “Muitas foram atrás de ex-funcionários nesta recuperação”, conta Canisso. As menores também estão realizando contratações, de acordo com ele, mas em menor escala.
Donos de lojas comemoram os bons resultados
As lojas que vendem louças em Campo Largo também não reclamam do movimento do ano passado. Nos primeiros meses de 2010, a maior procura por produtos vem dos turistas do interior do Estado. Eles passam um período no litoral e, na hora de retornar para casa, fazem uma parada na cidade para comprar louças.
Este é o caso da família da funcionária pública Luci Velozo Fedato, de Jataízinho, norte do Paraná. “Estou procurando potes de sobremesa. A gente sabe que aqui em Campo Largo nós encontramos. Temos o costume de sempre passar aqui e levar algo para casa”, declara Luci, que nesta semana esteve na loja da fábrica da Porcelana Schmidt. Segundo a encarregada do estabelecimento, Doeli Ferraz, a escolha dos clientes fica dividida entre as peças de segunda linha e os jogos decorados completos. “Em janeiro as vendas surpreen,deram e fechamos a meta do mês no último dia 20”, revela.
Na Nice Porcelanas, que fica na BR-277, as vendas também foram boas no ano passado e a expectativa é crescer pelo menos 20% em 2011. “No início do ano as pessoas querem renovar tudo. Muitas procuram as peças de primeira linha. O setor só não dobra de tamanho pela falta de parceria com as fábricas”, indica Julio César Salin, da Nice Porcelanas. Teresinha Zanetti, proprietária da RZ Porcelanas, também na BR-277, conta que as peças de segunda linha sempre atraem o interesse dos clientes. “O pessoal tem pesquisado muito”, ressalta. Ela também espera crescer 20% em 2011.
Daniel Caron |
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Luci Velozo Fedato e a família: parada para as compras em Campo Largo, antes de voltar para a casa no interior. |