Laticínios, conservas vegetais e suco estão na frente.

O setor de alimentos – que inclui tanto as indústrias quanto restaurantes, padarias, bares e lanchonetes – deve gerar este ano 65 mil empregos diretos e movimentar aproximadamente R$ 200 bilhões. É essa a expectativa da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), representante do setor alimentício no País.

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?O setor cresce há dez anos seguidos tanto no faturamento quanto no emprego, por dois motivos: as exportações e o segmento ?food-service?, a alimentação fora do lar?, explicou Amílcar Lacerda de Almeida, gerente do Departamento de Economia e Estatística da Abia. Só o segmento ?food-service?, que inclui restaurantes, bares e lanchonetes, teve crescimento acumulado de 203,5% no período de 1996 a 2006, contra 95,2% do varejo.

No que depender do resultado dos primeiros meses, o ano de 2007 deve ser ainda melhor para a indústria de alimentos do que foi 2006. Entre janeiro e abril deste ano, houve incremento de 7,1% no volume de vendas e 5,1% no valor, sobre o mesmo período do ano passado. O desempenho ficou bem acima de 2006, quando o volume cresceu apenas 2,9% e o valor, 1,6%. Para este ano, o setor estima crescimento de 5% no faturamento, acima dos 3,8% registrados em 2006, e de 5% no número de empregos. Atualmente, a atividade emprega 1,3 milhão de pessoas em todo o País.

Os setores que registraram maior crescimento este ano (janeiro a abril) foram laticínios (16,5%), conservas vegetais e sucos (13,8%), chocolate, cacau e balas (11,5%) e carnes (9,7%).

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?Para este ano já havia perspectiva de crescimento do mercado interno. Além disso, as exportações continuaram crescendo tanto em função de novos mercados – como países da África, Ásia e Oriente Médio – quanto pelas commodities internacionais?, destacou o economista. Segundo ele, entre os produtos mais exportados estão as carnes – de frango, bovina e suína -, açúcar e suco, principalmente de laranja. Conforme dados da Abia, o Brasil exportou entre janeiro e maio deste ano, US$ 4,5 bilhões de carne e lácteos, 37% a mais do que o mesmo período do ano passado. ?Especificamente nesse setor, compensa exportar. Os preços subiram em dólar, compensando a desvalorização da moeda?, ponderou.

Alimentos saudáveis

De acordo com o economista, o Brasil tem forte apelo de alimentos saudáveis, o que o coloca em vantagem em relação a outros países. ?O Brasil possui clima propício para a produção de alimentos, a produção agrícola é extensiva e depende de fatores naturais como água, pasto. Tudo isso faz do Brasil um grande ?player? mundial. Isso sem contar o setor de biocombustíveis?, destacou Almeida.

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Sobre a utilização de alimentos na produção energética – matéria-prima dos biocombustíveis -, o economista acredita que o setor de alimentos brasileiro não será afetado. ?A produção agrícola do Brasil tem espaço para crescer. A maioria dos produtos agropecuários pode ser produzido em qualquer região. Já nos Estados Unidos, onde a política de subsídios é muito forte, pode ocorrer sim um grande aumento da demanda e alta nos preços?, comentou.

O setor de alimentos conta com aproximadamente 20 mil indústrias em todo o País, muitas delas pequenas e médias. Como já ocorre em vários outros segmentos, a indústria de alimentos é marcada por processos de fusões e aquisições. ?A indústria de alimentos exige alta escala. As margens (de lucro) são baixas, e quem não tem escala tem que se juntar com um parceiro?, apontou. É o caso da Kraft Foods, caracterizada pela estratégia de aquisição e dona de marcas como a Lacta, Nabisco, Royal, Maguary, entre outras. Outro exemplo local é a centenária paranaense Leão Júnior, recentemente vendida para a multinacional Coca-Cola.