O setor de açúcar e álcool foi responsável pela maioria das demissões na indústria paulista no mês de dezembro, informou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Dos 67 mil postos de trabalho fechados no mês passado, 70%, ou 46.861 empregos, estavam ligados ao segmento, que nesta época do ano demite os trabalhadores contratados para fazer a colheita da cana. Enquanto o emprego na indústria como um todo caiu 3% em dezembro ante novembro, sem ajuste sazonal, o emprego no setor caiu 27,9%.
Os demais setores que compõe a indústria paulista dispensaram 20.139 trabalhadores. Segundo o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, o resultado do emprego em dezembro veio dentro do esperado. “Em todos os anos o mês de dezembro apresenta queda no nível de emprego. A redução foi muito semelhante à de 2007, portanto semelhante ao período anterior à crise”, afirmou.
Apesar das demissões em dezembro, o setor de açúcar e álcool foi um dos poucos que terminaram o ano com um saldo positivo entre contratações e demissões – 2.434 empregos, alta de 1%. Também encerraram o ano com alta no nível de emprego os setores de vestuário (1,5%), produtos diversos (1,3%) e produtos farmacêuticos (0,6%). Já a indústria paulista encerrou 2009 com 98 mil empregos a menos do que no ano anterior. O setor que mais perdeu trabalhadores no ano foi o de outros equipamentos de transporte, ligado à indústria ferroviária e aeronáutica, com queda de 22,5% no nível de emprego. “Perdemos praticamente 100 mil empregos no ano, mas agora estamos em processo de recuperação”, afirmou Francini.
Para este ano, a entidade prevê um aumento de 6,3% no nível de emprego. “O crescimento do emprego será amplo e disseminado entre os setores. Apostamos em um crescimento da demanda, renda e crédito”, explicou. A Fiesp prevê que a atividade industrial deve aumentar 12% em 2010 e que o PIB do País cresça 6%.
A única “nuvem no céu de brigadeiro” traçado por Francini é o câmbio. “A taxa de câmbio está sendo extremamente agressiva para a competição internacional dos produtos brasileiros, que estão enfrentando um panorama muito adverso”, disse. “Conhecemos a taxa de crescimento das importações, que está sendo maior que a taxa de crescimento das exportações, e isso não é em um setor em particular.”
Segundo Francini, a consequência da apreciação cambial é um crescimento industrial menor que o desejável. “A taxa de câmbio joga contra”, afirmou.