Serra lança banco de fomento e nega cunho eleitoral

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), lançou hoje o banco de fomento Nossa Caixa Desenvolvimento, com patrimônio inicial de R$ 1 bilhão, a ser emprestado a pequenas e médias empresas. Cotado para concorrer à Presidência da República em 2010, o tucano criticou a condução da política econômica brasileira e negou intenções eleitorais no lançamento do banco. “Dizer que é ‘mais uma ação eleitoral minha’ é um absurdo”, afirmou em evento, no Palácio dos Bandeirantes. “Quando se está no governo, as coisas que são feitas, se são boas, claro, no futuro têm um peso na eleição, mas isso não significa que seja uma medida para a eleição. Nós não trabalhamos assim.”

Serra lembrou os anos 80, quando ajudou a criar o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e disse que, por exemplo, ali não havia intenções eleitorais. “Ninguém acha que no final dos anos 80 eu já estava com projetos presidenciais na cabeça. Pelo menos naquela época, ainda achava que tinha que esperar um pouco.” Questionado ao final do evento se hoje tinha esse projeto em mente, esquivou-se: “No ano que vem eu vou ver quais são os planos.”

O Nossa Caixa Desenvolvimento começa as atividades com R$ 200 milhões em caixa, de recursos próprios, e 26 empresas com crédito já aprovado, no valor total de R$ 41 milhões. O R$ 1 bilhão anunciado no lançamento da iniciativa, proveniente da venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil, será repassado aos poucos pelo governo estadual ao banco de fomento. Serra se comprometeu, durante a cerimônia a aportar outros R$ 200 milhões à instituição. Não informou, no entanto, nem ao presidente do banco, Milton Luiz de Melo Santos, o prazo para que isso aconteça.

O governo espera ainda recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A resposta ao pedido de credenciamento do Nossa Caixa Desenvolvimento é esperada até setembro, informou o governador. Ele espera que o BNDES alavanque em até três vezes o patrimônio da instituição. Segundo Melo Santos, presidente do banco, em 2010 são planejadas parcerias com instituições multilaterais e agências de fomento estrangeiras.

São oferecidas duas linhas de capital de giro, com juros de 0,96% ao mês e prazo de até 12 meses para pagar, para empresas com receita anual entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões. A partir de agosto, passa a funcionar um fundo de aval de crédito para empresas com faturamento anual de até R$ 2,4 milhões. A linha servirá para a aquisição de máquinas, veículos e a abertura de franquias. O juro será de 1,3% ao mês e o prazo para quitação, de até 36 meses.