O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) questionou na noite desta quarta-feira a retomada das negociações da rodada de Doha – cujo objetivo é reduzir as barreiras comerciais no comércio internacional – como “prioridade número 1” do recém-eleito diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo. Para Serra, apostar em Doha é uma “postura de atraso”.
“Eu tenho dúvida se seria vantagem para o Brasil avançar (nas negociações de Doha), porque nós exportamos commodities e alguma coisa industrial. O que os países desenvolvidos vão querer para que a gente tenha mais acesso a eles são concessões na área industrial e serviço. Não vejo que é um bom arranjo para o Brasil”, afirmou. “A meu ver essa é uma postura de mais atraso, apostar em Doha, jogar todas as fichas nisso”, prosseguiu. Serra, no entanto, elogiou Azevêdo, dizendo que “acha bom” um brasileiro ter sido eleito para o posto.
Durante palestra proferida na Universidade de São Paulo sobre “O desenvolvimento econômico do Brasil e seus problemas”, Serra criticou também a participação brasileira no Mercosul, alegando que as regras do tratado impedem o País de realizar acordos bilaterais de comércio. “Eu fui contra essa iniciativa quando ela foi proposta”, ressaltou.
Segundo ele, o Brasil paga o preço de não participar de grandes acordos de livre comércio com outras nações do mundo devido ao acordo do Mercosul – que impede essas associações para membros em a aprovação dos outros países do grupo. “Países da região como Colômbia, Chile e México têm grandes acordos”, ressaltou.