Beneficiar a agricultura familiar como uma nova fonte de renda e auxiliar o meio ambiente. Essa tem sido a característica da sericicultura (criação do bicho da seda), atividade em que o Paraná se destaca nacionalmente. O Estado é responsável por 92,17% dos casulos verdes, com uma produção estimada em 4,5 mil toneladas por ano. A maior parte do produto é voltado para exportação, principalmente países do continente asiático e países europeus, como França e Itália. A atividade veio para o Estado no final da década de 50 e teve seu auge nas décadas de 70 e 80. Passou por um período de enxugamento devido à baixa no mercado, mas nos últimos anos vem ganhando força.
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Modelo mostra vestido de seda da coleção do estilista Victor Dzenk, no Fashion Rio 2009. |
Porém, para incrementar ainda mais a atividade complementar na renda do pequeno agricultor, é necessário potencializar as oportunidades empreendedoras da seda. Isso é o que pensa o técnico responsável pela sericicultura do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Oswaldo de Pádua. “Temos sim que ver a criação do bicho da seda como uma grande opção de diversificação agrícola e nela as políticas públicas de financiamento e assistência técnica beneficiando diretamente os agricultores familiares”.
Segundo o técnico, o Estado tem potencial para crescer mais na atividade. “Ao todo, temos 219 municípios produtores dos casulos verdes. São 4.524 produtores, 5.002 barracões de criação e cultivo de 11,5 mil hectares de amoreira, para expectativa desta safra 2009/10 de aumentar em 20% a produção de casulos verdes”, destaca. Ele lembra que a sericultura é uma atividade voltada ao pequeno agricultor (propriedades com tamanho médio de 2,5 hectares) que não ocupa muito espaço e deve incrementar em 10% a participação de agricultores familiares.
“Ela emprega entre 18 a 20 mil pessoas, é economicamente viável (preço do quilo do casulo verde na média atual de R$ 7,50) e gera uma renda bruta de R$ 29,599 milhões”, disse. Pádua ressalta que o investimento não é alto, girando em torno de R$ 10 mil a R$ 12 mil. “O clima paranaense é propício para o desenvolvimento dos casulos que vão formar os fios de seda e, não por acaso, somos o maior produtor nacional”, explica.
Ecológica
Outro ponto destacado pelo técnico do Emater é que a sericicultura demonstra ser uma atividade ecologicamente correta. “Quem mexe com o bicho da seda não utiliza agrotóxicos nas amoreiras (principal fonte de alimento das larvas do bicho da seda), uma vez que elas são sensíveis. É uma atividade limpa que não prejudica em nada o meio ambiente”, opina.
Para Pádua, a atividade não mostra toda a sua relevância porque 95% de sua produção é voltada para exportação. “Aqui no Brasil, a seda se torna ainda mais invisível para os olhos da população porque não faz parte dos gêneros de primeira necessidade e também porque a indústria têxtil tem um mercado consumidor nacional muito seletivo e específico, como também da restrita divulgação dos produtos que fazem parte das indústrias farmacológica, cosmética e nutricional”. comenta.
Nova Esperança produz 14%
A localidade de Nova Esperança, próxima a Maringá, no noroeste do Paraná, é a principal produtora do casulo verde no Estado. Responsável por 14% de toda a produç,ão estadual, o equivalente a 639 toneladas/ano, o município conta com 380 produtores 540 barracões.
De acordo com o vice-prefeito de Nova Esperança, Edgar Moser Júnior, a cidade conta com 27 mil habitantes e pelo menos 10% da população trabalha na sericicultura. “Mesmo não sendo a principal atividade econômica daqui, ela é bem importante para o município, pois movimenta o comércio local e emprega muita gente”, revela. Ele diz que a atividade encontrou um bom campo para se desenvolver em Nova Esperança. “O clima, a boa presença de imigrantes japoneses, o modelo fundiário, entre outros fatores foram fundamentais para que a sericicultura crescesse em Nova Esperança”, diz.
A renda extra obtida pelos agricultores familiares com a seda ajuda no sustento da casa. “A renda bruta gerada pela sericicultura fica em torno de R$ 2 mil. Pode não parecer muito num primeiro momento, mas para os agricultores familiares é de extrema ajuda”.
Para desenvolver mais a atividade, o vice-prefeito conta que foi criada uma cooperativa chamada Artisan Brasil, que visa fazer produtos com a seda de Nova Esperança. “Essa cooperativa está criando um belo trabalho com a nossa seda. Nela são produzidas diversos tipos de materiais, como cachecóis, roupas, entre outros. Esse trabalho está gerando bons frutos. Parte do que é produzido está sendo exportado para a França”, conta.