Seria melhor Fed elevar juros em 2016 e fazer altas graduais, diz Lagarde

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, defendeu que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) adie a alta de juros nos Estados Unidos para 2016 e faça, em seguida, aumentos graduais nas taxas. “O Fed deveria esperar até que existam sinais mais tangíveis de pressão da inflação”, afirmou em uma entrevista à imprensa.

“Achamos que seria melhor elevar os juros em 2016”, completou ao comentar um relatório do FMI divulgado nesta quinta-feira (3) que defende o adiamento da elevação dos juros. A avaliação de Lagarde e do FMI para o momento de alta de juros é contrária à posição que vem sendo defendida por alguns dirigentes do Fed, incluindo a presidente, Janet Yellen.

Recentemente, Yellen argumentou que as taxas estão a caminho de serem elevadas este ano, dependendo dos indicadores. O FMI e o Fed concordam, porém, que os aumentos devem ser graduais. “A comunicação clara do Fed neste momento é mais importante do que nunca”, disse Lagarde.

A diretora do FMI concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira para comentar o relatório do Fundo sobre os EUA. Ela destacou que vê a desaceleração da economia no primeiro trimestre como algo temporário, que não sinaliza a tendência de crescimento do país. Depois de encolher 0,7%, em valores anualizados, os próximos trimestres devem ter expansão maior, na casa dos 3,0%, disse.

“As bases para o crescimento da economia ainda estão no caminho certo”, disse a dirigente, citando, porém, que riscos persistem. Entre eles, Lagarde citou o dólar forte e uma demora maior na recuperação do setor de construção, que tem apresentado indicadores mistos. Sobre o dólar, Lagarde afirmou que a divisa está “moderadamente sobrevalorizada” e há o risco de subir mais ante as principais moedas do mundo.

A previsão de crescimento potencial dos EUA, a expansão da atividade que não gera inflação, está agora na casa dos 2,0%, disse Lagarde, abaixo dos 3,0% médios do período antes da recessão causada pela crise financeira mundial. A diretora do FMI frisou que não vê pressões inflacionárias no país, como já ressaltou o relatório, mas observou que há “bolsões de risco” para a estabilidade financeira, incluindo os chamados “shadow banks”, que são instituições à margem da regulação do sistema financeiro e que têm crescido nos últimos anos.

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