Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o setor produtivo se mantém apreensivo em relação ao desempenho da economia brasileira para os próximos 12 meses, embora as expectativas venham melhorando de forma ininterrupta desde o mês de março. O Sensor Ipea de junho atingiu 9,82 pontos, ante 7,79 pontos em maio. A pesquisa, que teve início em janeiro deste ano, é realizada mensalmente com 115 entidades representativas dos setores agropecuário, indústria, comércio e serviços e trabalhadores que representam 80,2% do PIB brasileiro. Leituras entre 20 pontos negativos e 20 pontos positivos indicam apreensão; entre 20 e 60 pontos, confiança; de 60 a 100 pontos, otimismo, entre -20 e -60, cenário adverso; e entre -60 e -100, pessimismo.
Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o quadro de apreensão indica que ainda há dúvidas sobre o cenário futuro da economia brasileira, mas isso não significa que o setor produtivo projete uma situação adversa para os próximos 12 meses. Segundo ele, o indicador está se recuperando de forma acelerada nos últimos meses. Pochmann destacou que o setor industrial, o mais atingido pela crise, é o que tem apresentado mais rapidez na melhoria de suas expectativas.
“As expectativas estão certamente ancoradas no que vem ocorrendo no Brasil no segundo trimestre deste ano, em que há melhoras consideráveis sob o ponto de vista da ampliação do setor terciário. O comércio vem vendendo mais, os serviços também, e a indústria, de maneira geral, apresenta uma melhora, embora esteja claro que a indústria ainda sofre com a crise”, afirmou Pochmann. “Embora haja realidades diferentes para setores e regiões brasileiras, há uma convergência na ideia de que o País deverá ter um resultado melhor, especialmente no segundo semestre do ano em relação ao que foi o fim do ano passado e o início deste ano”, acrescentou.
Dos quatro itens que compõem o setor, a melhor avaliação aparece em parâmetros econômicos, que atingiu 50,19 pontos. É o único dos componentes que já se encontra no patamar da confiança e diz respeito às expectativas dos entrevistados para inflação, juros e câmbio. O item desempenho das empresas ficou com 5,49 pontos negativos. Ele mede as expectativas dos consultados em relação à demanda, situação financeira e ampliação da capacidade do setor. Apesar do resultado fraco, o indicador melhorou pelo quarto mês consecutivo.