Como tem restrições à escolha de Arthur Badin para comandar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), não pretende presidir nesta terça-feira (26) a sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), destinada a sabatinar e votar a indicação do atual procurador-geral do órgão para a presidência. Enquanto o petista informava a colegas que terá compromissos justamente no horário da reunião, o relator, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), concluía seu parecer, com base em uma longa conversa que teve na última sexta-feira (22) com o próprio Badin, em Belo Horizonte. Na avaliação dos governistas, o nome de Badin tem chance de ser aprovado, mas concordam que poderá haver dificuldades.

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Se Eduardo Azeredo já tinha boas referências para apresentar um relatório favorável, os esclarecimentos de Badin ajudaram a reforçar sua posição. “Ele me deu boa impressão”, disse o senador. Seguindo a linha política adotada pelo PSDB em relação à politização das agências reguladoras, Azeredo vai ressaltar a necessidade de o Cade também ser dirigido por pessoas isentas, competentes e com responsabilidade. “Por isso temos que valorizar as sabatinas com os indicados”, prosseguiu o senador mineiro. Azeredo ponderou a Badin que o papel do Cade não é só defender a concorrência, mas também não impedir eventuais fusões que sejam necessárias e importantes para o País.

Polêmica, a indicação de Badin pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dividiu o governo e a base aliada no Senado. A principal pressão contra a aprovação do nome do procurador vem de grupos econômicos que têm interesses no Cade e temem eventuais prejuízos. Como são financiadores de campanhas eleitorais, os senadores enfrentam uma situação delicada. Nos bastidores, comenta-se que Mercadante estaria defendendo os interesses da Cutrale; o líder do DEM, senador José Agripino (RN), da Vale; e Gerson Camata (PMDB-ES), da Nestlé.

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