Semana fecha com dólar em baixa e bolsa em alta

São Paulo

(das agências) – Após muita oscilação, o dólar registrou a primeira queda desde o último dia 11 e fechou em baixa, ontem, de 1,3%, cotado a R$ 3,405 para venda e R$ 3,40 para compra. Na semana, entretanto, o saldo é uma alta de 5,8%. O risco-país brasileiro caiu 1,17% e fechou a 2.026 pontos. Dois fatores influenciaram a queda do dólar. O primeiro foi uma correção técnica do próprio mercado, que segundo operadores, está “exagerando?? a cotação do dólar. Ontem, muitos bancos aproveitaram para realizar lucros – vendendo dólares que compraram por preços menores para embolsar a diferença. A bolsa de valores de São Paulo fechou a sexta-feira com uma forte alta, depois de quatro pregões consecutivos de baixa, ao registrar um ganho de 2,27% em relação a quinta-feira, e com o indicador dos principais negócios, o Bovespa, chegando a 9.585 pontos. Esse mesmo indicador registrou na quarta-feira uma queda de 1,39%, ficando em 9.372 pontos.

A pesquisa foi o segundo fator a contribui para a queda. O levantamento, encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e feito pelo Ibope entre os dias 17 e 19, apontou oscilações somente dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 2,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

O mercado, que teme a ruptura da atual política econômica com a vitória de um candidato de oposição, recebeu bem a notícia de que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, aparece com 39% das intenções de voto, tendo recuado dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior do Ibope, dos dias 14 e 16 de setembro, encomendado pela Rede Globo.

Somados, os adversários de Lula concentram 47% das preferências. José Serra, do PSDB, permanece com os mesmos 19% da pesquisa anterior, enquanto Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) estão empatados com 14% das preferências o que reduz a chance de Lula vencer o pleito já no primeiro turno, conquista para a qual precisa ter metade dos votos válidos (excluídos brancos e nulos) mais um.

Mas apesar do fechamento em baixa, o dia foi de bastante estresse e o dólar chegou a subir em dois momentos distintos. Durante a manhã, quando foi divulgada a notícia de que banco de investimentos Bear Sterns rebaixou a recomendação para aplicações na Bovespa de “neutral?? (neutra) para ??underweight?? (abaixo da média), o dólar chegou a equiparar-se ao patamar de seu recorde de fechamento em relação ao real, R$ 3,47, registrado em 31 de julho.

No início da tarde, logo após a divulgação da pesquisa, o dólar voltou a subir quando o mercado recebeu a notícia de que o Banco Central decidiu não rolar nenhum dos contratos de ??swap?? cambial (cujo retorno está atrelado ao dólar) com vencimento em 25 de setembro, que totalizam uma dívida de US$ 1,52 bilhão.

Embora as altas taxas pedidas indiquem que o mercado não quer aceitar o papel, existe uma preocupação com o caixa do BC após o resgate da dívida.

Armínio vê “exagero cambial”

O presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou ontem que o Brasil está vivendo um momento de “claro exagero cambial”. Em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, ele destacou que a política de macroeconomia tem “quatro pecados capitais”, sendo o primeiro e mais importante deles, a taxa de câmbio fixa. “Não temos câmbio fixo, Temos câmbio flutuante que mais que cumpriu o seu papel”, disse.

Em seu discurso, Fraga observou que o País não sofre também dos outros três pecados de política macroeconômica. O segundo deles é a fragilidade financeira, muitas vezes embasada em uma fragilidade bancária. “Não temos fragilidade financeira em nossa economia. Hoje temos um sistema financeiro bem capitalizado”, disse.

O terceiro pecado capital citado por Fraga é o desequilíbrio fiscal. O presidente do BC argumentou que houve, ao longo de quatro anos, um processo de reforma que conduziu à atual austeridade fiscal do País. Ele citou a Lei de Responsabilidade Fiscal como uma das inovações vantajosas que o Brasil conseguiu para resolver seus problemas nessa área.

O quarto pecado citado por Fraga foi a exagerada presença de dívida a curto prazo. Ele considerou que hoje o Brasil tem perfis de dívida muito mais longos do que no passado. Ele citou, como exemplo, dívidas com prazo inferiores a um ano, que o País teve de lidar em ocasiões anteriores. “Hoje nós temos dívidas de 32 meses”, disse. Quanto à dívida pública Fraga argumentou que o perfil governamental tem prazo relativamente bom. No caso do setor privado os perfis são um tanto diversificados, “mas administrados com competência”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo