Foto: Arquivo/O Estado |
Infraero diz que a partir de sexta-feira Varig terá que repassar o que é cobrado dos consumidores. |
O presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou ontem que as taxas de embarque começam a ser cobradas diretamente da Varig a partir desta sexta-feira, impreterivelmente. A decisão foi do conselho administrativo da Infraero, que esteve reunido ontem com a presença do ministro da Defesa, Waldir Pires. Segundo José Carlos Pereira, se a taxa não for repassada, o avião não decola. Ele também não admitiu negociações pela empresa para protelar o pagamento, considerando que o cliente recolheu a taxa e que, se a empresa se recusar a repassá-la, estará fazendo apropriação indébita.
Pereira disse achar difícil o pagamento da dívida integral da Varig com a Infraero, que hoje está em torno de R$ 600 milhões. Só de taxas de embarque, nos últimos 30 dias, a estatal deixou de receber da Varig R$ 32 milhões.
Enquanto isso, o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac), Celso Klafke, afirmava ontem que o juiz Luiz Roberto Ayoub aprovou a compra da Varig pelo Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) ?por falta de alternativa?. Segundo ele, o juiz esperou até o último momento o ingresso de um outro investidor, como a TAP, mas isso não ocorreu.
A empresa Nova Varig (NV), criada para representar o TGV no leilão da companhia, tem até sexta-feira para depositar a primeira parcela, de US$ 75 milhões, para efetivar a compra. ?A NV não tinha garantias para esses recursos e parece que ainda não tem. Vai tentar uma operação junto ao BNDES, é estranho isso? , disse Klafke.
O sindicalista, que representa também o Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre e é funcionário da Varig, afirmou que a paralisação da empresa seria uma catástrofe. Ele salienta, porém, que, apesar de vários cancelamentos de vôos (só ontem foram mais de 20), os aviões que estão voando estão em boas condições de segurança. De acordo com Klafke, se o avião não tem condições de operar, ele simplesmente não decola porque os funcionários da Varig têm responsabilidade.
Combustível
Ontem, também, a direção da Varig acertou com a BR Distribuidora o fornecimento de combustíveis até esta sexta-feira. É o mesmo prazo dado pela Justiça para o depósito de R$ 75 milhões de ?sinal? para concretizar a venda da empresa para os funcionários.
Os diretores da empresa também estiveram ontem no BNDES negociando aporte de capital na TGV. Eles teriam solicitado R$ 150 milhões de empréstimo, mas teria sido para investimento e não para pagamento de dívidas.
Pelo menos onze aviões estão fora de operação
São Paulo (AE) – A Varig retirou ontem de operação 11 aeronaves que pertencem à Internacional Lease Finance Corporation (ILFC). A informação é de fontes da companhia aérea. Anteontem, a ILFC ameaçou pedir medidas extraordinárias da Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York, para que a Varig cumprisse a ordem de devolução das aeronaves. Entre as medidas classificadas como extraordinárias estariam desde multa até pedido de prisão para os representantes da Varig nos EUA por ?violação às ordens? determinadas pela Corte americana.
Na última semana, venceu dívida da Varig com a ILFC sem que a empresa aérea efetuasse pagamento. O credor afirmou que a Varig continuava operando suas nove aeronaves ?em violação às ordens? da Corte de Nova York. Nos últimos dias, quando expirava a dívida da Varig com a ILFC, os advogados da empresa brasileira tentaram, sem sucesso e em uma curta audiência, prorrogar a data de pagamento da dívida.
Sem efetuar o pagamento, a Varig teria de interromper, imediatamente, as operações comerciais destas aeronaves, sendo que uma nova ordem determinava 14 dias, a partir do dia 16 de junho, para que a Varig fizesse o retorno das mesmas.
A ILFC reclamava que os danos diários não estavam ligados apenas ao aluguel dos aviões, mas também à depreciação das aeronaves. Assim, segundo documento depositado na Corte, o credor acreditava que um remédio extraordinário poderia ser necessário para que a Varig atendesse a ordem que já havia sido obtida na última semana.
Vôos
O mais recente balanço dos vôos cancelados pela Varig, em São Paulo, ontem mostrava que a companhia aérea promoveu 21 cancelamentos, um dia após ter sua venda homologada pela Justiça. No aeroporto da capital paulista, os passageiros demoravam até 5 horas para conseguir a realocação entre outra companhia aérea. Os guichês da Varig permaneceram todo o dia praticamente vazios.