Com uma inflação acumulada em 12 meses bem acima do objetivo para o ano e as expectativas por parte do mercado em alta, o Banco Central decidiu manter o aperto na política monetária. Como esperado pela maioria dos analistas, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) elevou em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, para 19,25% ao ano.
É a sétima elevação consecutiva – a maior seqüência de altas na história das reuniões do comitê – e a taxa mais alta desde a reunião de setembro de 2003, quando os juros foram fixados em 20%. A decisão do Copom foi unânime.
Quando os juros sobem, o crédito para pessoas e empresas fica mais caro, com isso, a tendência é que o consumo caia. Com consumo menor, a autoridade monetária consegue assegurar a estabilidade da moeda.
A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no acumulado de 12 meses até fevereiro está em 7,39%. Bem acima do objetivo do BC para o ano, que é uma inflação de 5,1%.
O IPCA é o indicador usado pelo governo para as metas de inflação, que neste ano é de 4,5%, com uma margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Isso significa que a inflação no período de 12 meses está acima inclusive do teto das metas de inflação, que é de 7%. Embora a meta seja de 4,5%, o BC anunciou em setembro do ano passado que irá perseguir uma inflação de 5,1%.
Já o mercado – de acordo com a pesquisa Focus divulgada semanalmente pelo BC – prevê que o ano irá encerrar com uma inflação de 5,77%.
Última elevação?
Na ata da última reunião, o BC indicou que neste mês poderia promover a última etapa do processo de elevações da taxa Selic. No entanto, isso depende da convergência das expectativas para a meta.
O fim do processo de alta dos juros, quando acontecer, deve agradar parcialmente a empresários, sindicalistas e a classe política em geral, que vêm pressionando fortemente o BC nos últimos meses. Enquanto isso, o BC irá receber uma série de críticas por decidir pela sétima vez elevar a Selic.
Um dos riscos dessa política mais dura do BC é provocar uma desaceleração do crescimento da economia. No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) teve um crescimento de 5,2%, o maior desde 1994. A expansão da indústria foi de 8,3% – o melhor desempenho em 18 anos.
A autoridade monetária teme que a recuperação econômica cause reajustes nos preços por parte da indústria. Essa pressão pode ser maior se a indústria não for capaz de atender toda a demanda.
Para a decisão de ontem, o BC analisou, além da incerteza sobre as expectativas de inflação, o cenário externo.
A justificativa para a decisão será conhecida no dia 24, quando será divulgada a ata da reunião de ontem.