Último remanescente no Ministério da Fazenda da equipe do ex-ministro Antonio Palocci, o secretário extraordinário de Reformas Econômico-Fiscais, Bernard Appy, informou ontem que vai deixar o cargo em agosto. Principal negociador da proposta de reforma tributária enviada ao Congresso, o secretário atribuiu ontem a sua saída a razões “estritamente pessoais”, mas não escondeu o seu desconforto com o atraso na votação das mudanças no sistema tributário.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário admitiu que, se a proposta de reforma tributária estivesse “andando muito bem”, ele poderia pensar duas vezes antes de deixar o cargo. Envolvido nas negociações da proposta de reforma desde 2007, ele disse que fica triste por ela não ter sido aprovada até agora. “Gostaria que tivesse sido aprovada.” Ele acredita, no entanto, que, se tiver empenho do Congresso e do governo, é possível aprovar a reforma tributária.
Na equipe do presidente Lula desde o período de transição de governo, em 2002, ele negou que sua decisão tenha relação com o fato de a proposta de desoneração da folha de pagamentos estar fora da reforma tributária. Segundo o secretário, a desoneração da folha fora da reforma tributária não é incompatível. “A razão fundamental é pessoal”, reafirmou. Ele disse ainda que sua saída não tem relação com as mudanças na poupança. “As medidas da poupança estão prontas e, que eu saiba, não há outra proposta.”