A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) da semana passada, que reduziu a taxa Selic em um ponto porcentual, para 12,75% ao ano, destacou a ausência de evidências nítidas de repasse da depreciação cambial, ocorrida em ambiente de redução global das pressões inflacionárias. O documento, divulgado nesta quinta-feira (28), salientou que as condições financeiras restritivas prolongadas devem gerar dois efeitos sobre a economia: a demanda deve ter contração significativa e, ao longo do tempo, desempenhar pressão desinflacionária “importante”. A ata cita que toda essa avaliação leva em conta que o ambiente é de redução global das pressões inflacionárias e que, portanto, a decisão foi de corte de 1 ponto da Selic (juro básico da economia brasileira).

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Os diretores do BC explicaram que outros membros do comitê (os que votaram pela redução da taxa em 0,75 ponto porcentual) levaram em conta também dois fatores: presença de mecanismos de realimentação inflacionária na economia e consequências do processo de ajuste do balanço de pagamentos. “Uma redução mais comedida da taxa básica de juros proporcionaria sinalização mais consistente com a tendência prospectiva de convergência da inflação para a trajetória de metas e corresponderia melhor à velocidade ótima de implementação do processo de flexibilização”, argumentaram.

Inflação em queda

A ata do Copom afirma que, depois de um longo período de expansão, a demanda doméstica teria passado a exercer influência contracionista sobre a atividade econômica, a despeito da persistência de fatores de estímulo, como o crescimento da renda. “Adicionalmente, cabe registrar que as expectativas inflacionárias para 2009 mostraram recuo substancial desde a última reunião do Comitê”, trouxe o documento, referindo-se ao encontro realizado em 10 e 11 de dezembro de 2008.

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Os diretores do BC salientaram, no entanto, que a forte desaceleração da economia global tem gerado pressões baixistas sobre os preços no atacado, a despeito do ajuste cambial. Nesse ambiente, segundo eles, a política monetária pode ser flexibilizada sem colocar em risco a convergência da inflação para a trajetória de metas. “Evidentemente, na eventualidade de se verificar deterioração no perfil de riscos que implique modificação do cenário prospectivo básico traçado para a inflação pelo Comitê neste momento, a postura da política monetária será prontamente adequada às circunstâncias.”

Segundo o Copom, os dados disponíveis referentes à atividade econômica indicam que o ritmo de expansão da demanda, que continuava bastante robusto até o terceiro trimestre de 2008, respondendo, ao menos parcialmente, pelas pressões inflacionárias, arrefeceu consideravelmente desde então. Isto ocorreu, de acordo com os diretores do BC, em parte em reação ao substancial e generalizado desaquecimento da atividade em outras economias, tanto avançadas quanto emergentes.

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