Sem Pnad Contínua, coordenadores ameaçam entregar cargos

Coordenadores de pesquisas fundamentais conduzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como as que determinam a inflação oficial e a taxa de desemprego nas principais regiões metropolitanas do País, assinaram uma carta enviada ao conselho diretor da instituição em que ameaçam entregar seus cargos caso não seja revista a decisão de suspender a divulgação dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) para revisão da metodologia.

Nesta quinta-feira, 10, a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, anunciou que a divulgação da pesquisa estava suspensa até 6 de janeiro de 2015 para que os técnicos pudessem revisar e adequar as informações sobre a renda domiciliar per capita às exigências previstas na Lei Complementar nº 143/2013, que determina que o indicador sirva como base para o cálculo do rateio do Fundo de Participações do Estados (FPE). A medida motivou o pedido de exoneração da diretora de Pesquisas do IBGE, Marcia Quintslr.

Outra integrante do conselho que também votou contra a decisão da suspensão da Pnad Contínua, Denise Britz do Nascimento Silva, coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), também pediu exoneração do cargo. Na carta enviada ao conselho diretor, ameaçam fazer o mesmo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, responsável pela divulgação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, responsável pela própria Pnad Contínua e pela Pesquisa Mensal de Emprego.

“Parece que existem outras pessoas dispostas a entregar também seus cargos. Estão acontecendo reuniões entre os coordenadores. É uma crise de gestão”, disse a servidora Ana Magni, da executiva nacional da Associação de Servidores do IBGE (ASSIBGE).

A ASSIBGE diz que a metodologia da Pnad Contínua está correta, que não há erros na amostra nem no cálculo da renda domiciliar per capita. A associação lembrou ainda que a decisão de reavaliar a pesquisa foi tomada sem que a equipe técnica fosse consultada sobre a pertinência dos questionamentos feitos pelos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Armando Monteiro (PTB-PE) no início do mês.

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