Sem investimento, Bolívia não terá mais gás

Rio (AE) – O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou que ?se não houver novos investimentos na produção de gás natural na Bolívia, certamente faltará combustível para o cumprimento dos contratos com o Brasil e Argentina?.

?Todos os campos entram em declínio. Lá não é diferente, apesar da folga que havia no volume a ser produzido. Se não houver mudanças nas condições atuais – que afastaram os investidores da região -vão faltar recursos para garantir o suprimento?, afirmou o diretor, após fazer apresentação sobre os planos da Petrobras para os próximos cinco anos, a convite do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef), no Rio.

Barbassa amenizou o tom, entretanto, ao lembrar que esta redução no suprimento não deve ocorrer em 2 ou 3 anos, período em que o Brasil deve ter novas fontes de produção internamente, além de dar início às operações de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL). ?Uma falta de gás neste período não causaria problema algum à economia brasileira?, disse.

Os problemas de suprimento, disse, devem aparecer na ?metade? do prazo que ainda falta para encerrar-se o contrato com a Bolívia, em 2019. ?O suprimento ao Brasil se manteve estável e continua firme, mas nossa visão mais a longo prazo mostra que esta situação não tem como ser mantida?, admitiu, lembrando que as regras para taxação da produção baixadas pelo governo boliviano em maio deste ano ?desestimulam qualquer novo investimento no país?.

?Estamos pagando taxas equivalente a 82% da produção. Isso na prática cobre somente os custos desta produção, mas não permite uma nova injeção de capital para elevar este volume produzido?, disse.

Negociações ?tranqüilas?

Almir Barbassa disse que as negociações sobre o refino na Bolívia caminham tranqüilas. ?Diria que estão mais para a tranqüilidade do que para a intranqüilidade?, afirmou o diretor.

Indagado sobre o andamento das negociações e a possibilidade de a Bolívia ?tomar as instalações de refino da Petrobras no país?, Barbassa comentou que a estatal tem ?mantido desde o início a postura de negociar?. ?Se quiserem assumir o refino, queremos receber a indenização.?

Segundo Barbassa, a queda na cotação do gás natural na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), que vem sendo verificada nos últimos dois meses, ?esvazia o argumento da Bolívia?, em busca de um reajuste extraordinário no preço do combustível vendido ao Brasil.

?A atual cotação mostra que nossos preços sempre estiveram alinhados num longo prazo aos praticados no mercado internacional?, argumentou Barbassa. Pela cotação de ontem na Nymex, o gás estava cotado a US$ 4,75 por milhão de BTU (British Termal Unity – medida de poder calorífico do energético), ante mais de US$ 15 por milhão de BTU no final de 2005.

Segundo Barbassa, a Petrobras sempre reajustou seus preços de gás internamente a cada três meses, de acordo com uma cesta de óleos internacionais. ?Isso sempre manteve o combustível atrelado ao mercado internacional?, afirmou Barbassa.

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