A política econômica do governo vem sendo muito bemsucedida até agora. Tanto que o País já cresce há quatro semestres consecutivos e já é previsto um crescimento superior aos 3,5% projetados para esse ano.
Os juros brasileiros já caíram 10,5 pontos percentuais desde junho do ano passado. A taxa Selic havia chegado a 26,5% e hoje está em 16%. Isso já contribuiu para a retomada da economia.
É evidente que a taxa brasileira ainda é demasiadamente alta. Não afirmo isso quando comparo com países desenvolvidos. Nossa taxa de juros real (taxa básica descontada a inflação) é invariavelmente a maior do mundo. Maior que a da Venezuela, maior que a da Argentina, que vivem crises sem precedentes.
No entanto, mesmo sendo ainda tão alta, não vejo espaço para o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) baixar a taxa de juros hoje. Seria uma atitude até viável, mas precipitada.
Os Estados Unidos partirão para uma elevação de taxa provavelmente esse mês juntamente com o bloco dos países europeus. Não seria prudente o BC baixar os juros agora, quando o movimento mundial é de elevação da taxa. Poderá gerar uma volatilidade interna sem qualquer necessidade.
Os capitais procuram rentabilidade e segurança. O Brasil ainda é tido internacionalmente como um país de risco alto para investimentos. Por isso, no momento em que os Estados Unidos elevam a taxa, mesmo que 0,25 ponto percentual e o Brasil continua baixando sua taxa, a tendência natural é de uma fuga de capitais, que, no momento, poderia ser muito ruim para a nossa economia.
Outro fator que inibe a queda dos juros hoje é a elevação da projeção de inflação para esse ano. Apesar de a subida dos preços ter a ver com fatores externos, como a subida do preço do petróleo, existe sempre um receio de contaminação da economia interna, que nos leve à nova disparada de preços.
É, sem dúvida, uma luta constante que a autoridade monetária trava a cada mês na reunião do Copom. Muitas críticas, de todos os lados. Mas não é hora de mudar a direção do barco. O Brasil está na rota do crescimento.
José Arthur Assunção é diretor da ASB Financeira.