A rede de restaurantes Outback vai abrir oito unidades em 2013 e chegar ao fim do ano com 59 lojas no Brasil. A expansão ocorre em um momento em que o setor de bares e restaurantes enfrenta uma crise e registra queda no faturamento. Apesar da desaceleração econômica do País, o Outback mantém seus planos para ganhar mercado no Brasil, onde tem a operação mais rentável do mundo.
“O conceito do Outback, de ‘casual dining’, ainda é novo no Brasil e foi muito bem recebido pelo consumidor brasileiro”, explica o presidente do Outback, Salim Maroun. “Vamos manter nosso plano de expansão de 20% ao ano e já prevemos abrir mais de dez lojas em 2014.”
O País é dono de nove dos dez restaurantes mais rentáveis do Outback no mundo. A única loja não brasileira na lista das que mais vendem é a de Las Vegas, que também é a única que funciona 24 horas. A campeã mundial de vendas é a loja do shopping Center Norte, na Zona Norte de São Paulo, que recebe mais de 40 mil clientes por mês.
O cardápio só tem um item diferente da versão americana – a porção de picanha. O sucesso da rede no País se explica, em parte, pelos hábitos dos brasileiros. “A experiência de sair em grupo no Brasil é mais intensa que em outros países. O consumo de pratos para compartilhar é maior aqui”, explica Salim.
Os brasileiros também consomem quatro vezes mais sobremesa do que os clientes do Outback nos Estados Unidos. E, por aqui, todos os restaurantes abrem para o almoço diariamente, o que não é o padrão da rede. A refeição responde por 30% do faturamento das unidades, em média. Nos Estados Unidos, alguns restaurantes se inspiraram na experiência brasileira e passaram a abrir ao meio dia.
A concorrente AppleBee’s diz que as vendas cresceram cerca de 15% neste ano no Brasil. A empresa, porém, não prevê novas lojas. “Estamos reestruturando a operação para crescer com qualidade. Cada nova loja exige sete gerentes e há uma disputa grande por mão de obra”, diz o diretor geral do AppleBee’s na América do Sul, Derek Wagner.
Cenário
A receita de bares e restaurantes caiu 20% no primeiro semestre desde ano, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). A queda reflete o maior endividamento das famílias e a corrosão da renda da população pela inflação. Nas grandes cidades, também pesou contra a entrada em vigor de uma lei seca mais rígida e o aumento do número de arrastões.
As franquias e grandes redes de alimentação, no entanto, sofreram menos com a desaceleração econômica, explica o coordenador da área de alimentação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), João Baptista da Silva Junior. Estimativas preliminares da ABF apontam um aumento de 6% no faturamento das franquias de alimentação no primeiro semestre.
“Em momentos de crise, o consumo de fast food cresce. As pessoas querem economizar e comer um sanduíche é mais barato do que uma refeição tradicional”, conclui Baptista.
O mesmo ocorre com as redes de “casual dining”, como Outback ou Applebee’s, que oferecem um serviço intermediário entre o fast food e a alta gastronomia. “É mais barato que o restaurante. E, como a maioria das unidades fica no shopping, atende o cliente que tem medo de arrastão”, diz Baptista. “A força da marca também pesa em tempos de crise. O consumidor evita gastar com algo que não sabe se é bom.”
Apesar de ter registrado expansão em um momento de retração do setor, as franquias de alimentação crescem aquém do esperado este ano. Uma pesquisa da ABF feita no início do ano com 42 redes apontava uma expectativa de crescimento de 13% neste ano. “Não deve acontecer. Os custos subiram e algumas redes vão revisar seus planos de expansão”, disse Baptista, que também é diretor da rede Rei do Mate.
Segundo ele, a empresa pretendia abrir 39 unidades neste ano, número que foi reduzido para 20. “O problema não é faturamento. É rentabilidade.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.