Sem acordo salarial montadoras param

Cerca de 1,1 mil veículos deixaram de ser produzidos ontem na Grande Curitiba, por conta da paralisação de 24 horas da categoria. A paralisação foi aprovada ontem pela manhã, em assembléias realizadas nos portões das fábricas da Renault e da Volkswagen, ambas em São José dos Pinhais, e podem se repetir hoje. Também a Volvo, instalada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), deve parar suas atividades hoje. Os metalúrgicos vêm negociando o reajuste salarial com o sindicato patronal desde o início do mês. A data-base da categoria é 1.º de setembro.  

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka, a reivindicação inicial da categoria era a reposição da inflação medida pelo INPC, de 2,85%, mais aumento real de 5%. Representantes do Sinfavea (Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores) propuseram, no entanto, reposição da inflação mais aumento real de 1,3%, além de R$ 150,00 de abono. ?Essa proposta foi rejeitada e o abono de R$ 150,00 oferecido esta semana significou uma afronta. É muito pouco se comparado ao que se paga em todo o País?, afirmou, referindo-se à média salarial de R$ 2,5 mil paga no ABC Paulista, comparado à média de R$ 1,5 mil na Grande Curitiba.

Para o presidente do sindicato, um índice aceitável seria a reposição da inflação mais aumento real de pelo menos 3%. ?Na Toyota, houve aumento real de 4%. Em montadoras de Belo Horizonte, ficou acertado aumento de 3%?, apontou.

Nova proposta

Ontem à tarde, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos e do Sinfavea se reuniram na sede da entidade dos trabalhadores. O sindicato patronal apresentou uma nova proposta, que será votada hoje pelos metalúrgicos, e contempla o aumento do abono (de R$ 150,00 para R$ 250,00), reposição da inflação e aumento real de 2,10%. Segundo a direção do sindicato, a tendência é de continuidade de greve nas montadoras Volks e Renault e início de paralisação na Volvo.

Para Butka, dificilmente as negociações com o sindicato patronal devem avançar mais que isso. ?No ano passado houve um acordo entre o Sinfavea e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) para que este ano o aumento real fosse de 1,3%. Não assinamos porque achamos imprudente. A questão é que há uma cláusula no acordo dizendo que se o Sinfavea conceder reajuste maior à outra montadora, terá que voltar a renegociar com a CUT, o que ele não quer?, explicou.

Segundo Butka, caso a proposta do Sinfavea não seja aprovada hoje pela categoria, a alternativa será a negociação individual com cada montadora e a possível intermediação pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT). A rejeição à proposta também pode acarretar em novas paralisações. ?Estamos evitando fazer paralisações por tempo indeterminado. Para cada uma das montadoras haverá uma estratégia diferente.?

Conforme dados do Sindicato dos Metalúrgicos, a Renault emprega cerca de 2,5 mil pessoas e produz cerca de 300 carros por dia; a Volks emprega 4,5 mil funcionários e a produção diária é de 800 veículos/dia, enquanto a Volvo emprega cerca de 1,6 mil pessoas e produz cerca de 20 ônibus e 30 caminhões diariamente. 

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