Selic é alvo de críticas e reclamações

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) em elevar a taxa básica de juros pelo nono mês consecutivo gerou críticas entre a classe empresarial. Com o novo aumento, a taxa Selic passou de 19,50% para 19,75% ao ano. A justificativa de que o aperto da política monetária é necessário para controlar a inflação não convence boa parte dos analistas.

?Há um diagnóstico errado por parte do governo federal. Não há inflação de demanda, mas sim de custo?, apontou o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR), Sandro Silva. Ele lembrou que no ano passado, 40% da inflação medida pelo IPCA aconteceu em função das tarifas públicas, que não sofrem qualquer impacto da Selic. ?O aumento da inflação acontece baseada em alguns produtos cotados no mercado internacional, como petróleo e aço, ou indexados.?

Para o presidente em exercício da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Humberto de Ramos Cabral, ?não há nada que justifique uma taxa de juros tão elevada?. ?O aumento dos juros tira dinheiro do mercado, dificulta o crédito, aumenta a inadimplência?, apontou. ?É preciso criar condições de crescimento e não estancar o Brasil por simples receio?, acrescentou. Segundo Cabral, a taxa de juros elevada também leva as empresas à informalidade. ?A grande base de transformação do Brasil é a micro e a pequena empresas. Com uma taxa dessas, a grande e a média empresas resistem, mas a pequena não tem a mínima condição de sobreviver.?

?Mais uma vez, o governo impingiu ao País uma piada de extremo mau gosto. É uma medida desastrosa, insensível, de quem revela total incapacidade de gerir a política econômica do País?, criticou o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Cláudio Slaviero. ?O presidente Lula, contraditório, reconhece, antes da reunião do Copom, que os juros são muito altos e, depois, diz que a bravata não dá certo em economia. O que não dá certo é essa visão distorcida?, arrematou.

Para o presidente da Federação do Comércio do Paraná, Darci Piana, o Copom perdeu a oportunidade de atender aos reclamos da sociedade. ?Política econômica não pode ser apenas aumentar juros?, disse o empresário.

Também o setor produtivo vê a decisão com resistência. ?A demanda pelas vendas a crédito tende a continuar apenas até o momento em que o consumidor descobrir que a soma das parcelas do crediário atingiu um patamar infinitamente maior do que o da mercadoria à vista?, observou Paulo Saab, presidente da Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos. ?Com a elevação consecutiva dos juros básicos da economia, começam a se criar distorções que, no médio prazo, poderão levar à redução da produção industrial, do emprego e, numa etapa posterior, afetar o investimento produtivo?, alertou.

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