A multinacional francesa Coface, que opera no segmento de seguro de crédito, rebaixou a nota de risco do Brasil de A3 para A4, “por conta da deterioração do cenário macroeconômico atual”. “Entre alguns fatores que nos levaram a essa revisão está essa contabilidade criativa muito questionada para se chegar à meta de superávit primário, uma piora no crescimento do País e a falta de competitividade da indústria”, exemplificou Patrícia Krause, economista da Coface América Latina, em coletiva online realizada nesta quinta-feira, 15.

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A seguradora avalia trimestralmente as condições dos países em que atua e atribui notas que vão de A a D, sendo que a melhor classificação (A) é a única que possui quatro classes de avaliação (de A1 a A4). “O nível atual do Brasil, A4, ainda é considerado um nível bom, mas agora estamos no limite de um grau bom para um ruim”, afirmou Patricia, referindo-se à nota relacionada ao primeiro trimestre do ano, divulgada apenas a clientes em março.

Caso o Brasil passe para a categoria B, por exemplo, a concessão de seguro de crédito ainda é feita, porém de forma bem mais restritiva. “No caso de países com nota C ou D já não há cobertura”, disse.

Ela destacou que, apesar do recente rebaixamento, o País ainda possui alguns fundamentos sólidos e, no momento, o viés do Brasil é de estabilidade. “Não vemos no curto e médio prazo nenhuma perspectiva de piora nem de melhora. Por isso, não devemos ter novos rebaixamentos.”

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A economista explicou que não há critérios quantitativos na avaliação dos países e a decisão de classificar o risco é baseada em uma lista de fatores macroeconômicos. “Se a gente observar uma política mais clara, um aumento do crescimento, se a meta de superávit este ano for atingida, pode ser que o Brasil tenha um ganho de credibilidade.”

América Latina

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Com a nova avaliação, o Brasil agora está no mesmo nível de risco de México e Colômbia e distanciou-se da nota do Chile (A2). O diretor mundial de Riscos da Coface, Joel Paillot, afirmou que na América Latina os países mais críticos para o setor de seguro de crédito são atualmente Argentina e Venezuela.

“Na Argentina, ainda temos algumas possibilidade de investir. Naturalmente, as regras internas são complicadas”, ponderou. Segundo ele, a empresa fez uma vistoria recente no país e verificou uma carteira de risco de 1 bilhão de euros.

No caso da Venezuela, Paillot afirmou que a situação é bastante crítica por conta da incerteza política. “Estamos realmente muito inquietos. A nota está se aproximando de D. Não poderia aconselhar empresas a investir na Venezuela.”