O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, reconheceu nesta terça-feira (25), em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a taxa média de juros paga pelos consumidores vem caindo em velocidade menor do que a queda da Selic, a taxa básica. De acordo com Meirelles, essa queda mais lenta dos juros cobrados dos consumidores pode ter sido provocada pela entrada de novos clientes no sistema financeiro, em função do próprio processo de elevação do crédito na economia.
Ele lembrou que em 2002 o crédito correspondia a 21% do PIB, e em agosto último já estava em cerca de 33%. Por não terem cadastro, os novos tomadores de empréstimo bancário acabam afetando a taxa média de juros para cima.
Ele destacou, ao mesmo tempo, as medidas que o governo vem adotando, com o intuito de aumentar a competição no mercado financeiro e com isso estimular uma queda na taxa de juros. Entre as medidas, citou a criação da conta salário e a proposta, em discussão no Congresso Nacional, da criação do cadastro positivo.
Ele também comentou que o governo vem discutindo nos últimos dias a adoção de um sistema mais transparente de comparação das tarifas. Essa discussão, segundo Meirelles, tem passado pela proposta de redução do número de tarifas e mudanças na sua nomenclatura.
Despesa
Meirelles afirmou que a despesa com juros no setor público, nos últimos doze meses encerrados em agosto, ficou em 6,20% do Produto Interno Bruto (PIB). Este dado seria divulgado somente amanhã na nota de política fiscal. A assessoria do BC explicou que o número informado por Meirelles é um dado estimado. Em 2006 a despesa com juros foi de 6,89% do PIB, e, em 2005, 7,32% do PIB.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que esses números mostram que a queda na Selic já teve efeito na despesa com juros ao que Meirelles concordou. O presidente do BC explicou, no entanto, que apesar de a queda da Selic impactar na despesa com juros, a autoridade monetária não pode promover quedas artificiais na taxa básica. Isso porque, explicou ele, o efeito seria uma alta na inflação e, conseqüentemente, uma elevação nos juros de mercado, o que aumentaria o custo de financiamento da dívida pública, administrada pelo Tesouro Nacional.