O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Paulo Levy disse que os dados da produção industrial divulgados nesta quarta-feira (5) apontam para um crescimento da taxa de investimentos, medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), e do Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado em 2007. Segundo ele, os resultados "refletem os efeitos defasados da política monetária". Levy avalia que houve uma redução "muito forte" na taxa básica de juros ao longo de 2006 e no primeiro semestre deste ano, que agora resulta "em expansão forte da atividade econômica".
O economista do Ipea acredita que "vamos ter um último trimestre do ano bastante forte" e os resultados esperados para o PIB no ano deverão ser revistos "ligeiramente para cima". Ele não revelou quais serão os novos números do Ipea para os investimentos e o desempenho da economia. Segundo o último Boletim de Conjuntura da instituição, relativo a setembro, o PIB crescerá 4,5% em 2007 e a FBCF registrará um aumento de 10,0% no ano.
No caso específico da FBCF, Levy acredita que a variação poderá ficar bem acima da prevista no boletim. Ele observou que os dados de produção de insumos da construção civil divulgados hoje pelo IBGE mostraram uma aceleração nesse setor, de um aumento acumulado de janeiro a setembro de 4,4%, para uma expansão de 10 2% em outubro ante igual mês do ano passado. A FBCF é formada por máquinas e equipamentos e pelos insumos da construção.
Juro
Para Levy, os resultados da indústria também confirmam que foi necessária a interrupção da queda nos juros, por parte do Comitê de Política Monetária, até que os atuais investimentos possam maturar e gerar a necessária expansão da capacidade produtiva.
Para ele, na medida em que os efeitos defasados da política monetária que estão ocorrendo no momento percam intensidade e os investimentos tenham tempo de maturação, "deve haver uma queda de juros mais a frente". Mas, segundo Levy, é difícil antever agora quando se formará esse cenário adequado para o retorno da queda da Selic.