A alta da taxa básica de juros, a Selic, iniciada em abril pelo Banco Central (BC), já está afetando o comércio, mas de forma “lenta”, avaliou hoje o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Reinaldo Pereira. Segundo ele, os dados do comércio varejista brasileiro de julho, na série com ajuste sazonal, mostram uma acomodação do setor, mas os resultados do índice de média móvel trimestral apontam uma tendência de desaceleração no crescimento das vendas.
Segundo dados divulgados hoje pelo IBGE, as vendas do varejo caíram 0,2% em julho ante junho, após quatro meses consecutivos de aumento nessa base de comparação. O índice de média móvel trimestral mostrou alta de 0,63%, inferior a maio (0,99%) e junho (0,84%). “O que pode estar influenciando esses resultados é a inflação dos alimentos e o aumento da taxa de juros”, disse.
Segundo Pereira, mesmo com os sinais de que os juros já afetam o varejo, a continuidade do cenário de aumento da massa salarial e da ocupação, com crédito forte e longos prazos de pagamento, podem fazer com que a atual tendência de desaceleração não se confirme nos próximos resultados do setor.
Pereira disse acreditar que o Banco Central vai reduzir o nível de elevação da Selic para “0,50 ou 0,25 ponto” na próxima reunião do Copom, marcada para outubro, mas alerta que, mesmo se a taxa continuar subindo com mais vigor, dificilmente o varejo vai desacelerar intensamente se não houver redução nos prazos de pagamento. “O consumidor está mais preocupado com o valor das parcelas, a ampliação da classe média significa uma demanda reprimida, se não houver redução nos prazos de pagamento, mesmo com alta de juros, a desaceleração no comércio será muito lenta” avalia.
Desde abril deste ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) vem elevando a Selic. Entre abril e este mês, o juro básico no País passou de 11,25% ao ano para os atuais 13,75% ao ano, o que representa uma elevação de 2,5 pontos porcentuais.