O Brasil tem potencial para movimentar US$ 1,2 bilhão em créditos de carbono em 2012, segundo cálculo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A estimativa foi baseada em dados do Núcleo de Assuntos Estratégicos, da Presidência da República, e leva em conta redução de emissão de CO2 de até 60 milhões de toneladas por ano, que serão comprados na forma de créditos por países poluidores por entre US$ 10 e US$ 20 a tonelada.
Até o início de maio, o Brasil era o terceiro maior país em número de projetos que permitem a negociação de créditos de carbono, registrados no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). São 222 empreendimentos, ante 636 da Índia e 483 da China. O MDL é o instrumento da ONU que permite aos países em desenvolvimento gerar créditos de carbono por meio de projetos que reduzem a emissão de gases poluentes. Os países mais poluidores, por sua vez, adquirem esses créditos de acordo com metas pré-fixadas.
O BNDES vai apoiar os projetos de crédito de carbono por meio do Programa BNDES de Desenvolvimento Limpo. Segundo o gerente do departamento de meio ambiente do banco, Márcio Macedo Costa, trata-se de um fundo que terá aporte de R$ 200 milhões da instituição, ou 40% da reserva total de R$ 500 milhões. Os 60% restantes virão de outras instituições financeiras. O gestor do fundo já está em processo de escolha.
"O BNDES já financiou projetos que geram crédito de carbono, mas de forma indireta. O potencial desta carteira está sendo avaliado", afirma Costa. Segundo ele, o apoio indireto se deu porque o BNDES concedeu financiamentos para projetos de áreas como suinocultura e biomassa, mas que originalmente não estavam previstos para se beneficiarem dos créditos de carbono.
O trabalho do BNDES, agora, é mapear todos os projetos que foram financiados pelo banco e que têm potencial para gerar créditos de carbono. Até o momento, Costa disse que não houve nenhum empreendimento apoiado pelo banco cuja origem era a redução de emissão de gases poluentes.
"O que está acontecendo é que a questão do meio ambiente está sendo encarada como indutora da política de desenvolvimento, não mais como uma restrição", conta Costa. Além dos projetos que permitem a geração de créditos de carbono, o BNDES considera que outros dois setores vão oferecer projetos rentáveis. O primeiro é o de biocombustíveis, no qual o Brasil liderou a produção com 278 mil barris em 2005.
Outro foco do BNDES é o de eficiência energética. Nesse segmento o banco destaca que a indústria brasileira aumentou o índice de autoprodução de energia de 5,7% do consumo final, em 1994, para 10,6%, em 2005.