A disparada da inflação nos preços agropecuários no atacado levou à aceleração na taxa do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que subiu 1,39% em agosto, ante aumento de 0,37% em julho. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "A maioria dos aumentos de preços estão direta ou indiretamente relacionados ao setor agropecuário", disse o economista.
Segundo Quadros, 90% da formação da taxa do Índice de Preços por Atacado (IPA-DI) em agosto – que mede a inflação do setor atacadista e subiu 1,96% – "nasceu, cresceu, ou está relacionado de alguma forma ao setor agropecuário". Com isso, mais da metade da taxa do IGP-DI de agosto, "entre 55% a 60%" foi originada da movimentação de preços do setor agropecuário.
O economista comentou que muitos produtos agropecuários estão enfrentando problemas de entressafra, e de fortes demandas interna e externa – o que diminui a oferta dos itens, elevando os preços. Como exemplo, ele citou a continuidade da elevação de preços do leite no atacado, cujo produto está com forte demanda interna e externa; bem como a movimentação de alta das commodities, de grande peso na formação da inflação do setor atacadista.
É o caso das acelerações de preços em soja (de 1,67% para 8 06%); trigo (de 2,87% para 9,89%) e o fim das deflações em café (de -0,61% para 6,65%) e em milho (de -0,68% para 12,29%), de julho para agosto. No caso específico das commodities, Quadros considerou que a movimentação do câmbio é influência secundária para a elevação de preços desse tipo de produto. "É a forte demanda externa que tem gerado essas elevações", afirmou.
Intensificação
O repasse da alta dos preços agropecuários no atacado para o varejo "vai se intensificar", alertou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. Ele comentou que as elevações de preços dos produtos agropecuários no atacado já estavam ocorrendo há algum tempo.
Entretanto, o resultado do IGP-DI de agosto mostra que os aumentos desse tipo de produto no atacado estão mais fortes – o que deve conduzir a um repasse para o consumidor, a médio prazo. "Esse processo (de repasse) já estava em andamento. Mas agora isso vai se intensificar", admitiu.