Segundo a FGV, alimentos serão delineador da inflação este ano

O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, comentou nesta sexta-feira (8) que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) divulgado hoje pela instituição sinaliza um avanço menor na taxa de inflação, mas lembra que há espaço para que seja mantido o patamar verificado no segundo semestre de 2007. "Um índice de 0,99% tem uma cara de promoção, de liquidação", brincou, lembrando, no entanto, que o indicador está longe dos porcentuais próximos a 0,3% registrados nos primeiros meses de 2007.

Para Quadros, o principal efeito sobre o indicador é a alimentação. "E este efeito não é sazonal, nem regional. Há um aumento do consumo mundial de alimentos e uma demanda maior verificada também por conta do setor de energia", disse, citando especificamente o caso do milho nos Estados Unidos, que é destinado também para a produção de etanol.

Ele descartou, entretanto, que a recessão norte-americana possa arrefecer o consumo. "Os Estados Unidos estão muito mais ligados à produção do que ao consumo. O aumento da demanda está se dando principalmente na China e a tendência é de que continue aumentando", comentou.

O pesquisador afirmou ainda que o segmento de alimentos será o delineador da inflação este ano. "Excluindo este segmento, a inflação no ano passado ficou abaixo dos 3% e esta tendência deve se repetir, o que é um bom indicador, dentro dos padrões internacionais. Mas, para nós, questão é saber qual o espaço que a alimentação vai ocupar na inflação", disse.

Quadros destacou o fato de a soja, o trigo e o arroz já estarem com preços menores do que nos últimos três anos. "Mas o consumo está tão forte que a reposição do estoque – que está bem baixo – deve demorar ainda bastante. O ponto bom pelo menos é que estes estoques já não estão mais caindo", disse.

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