Rio (AE) – O dólar alto e a disparada nos preços dos alimentos e dos metais no atacado levaram a segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) a atingir em junho o maior patamar em cinco meses. Este mês, a taxa subiu 0,56%, ante alta de 0,34% em maio. Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a prévia do indicador – usado para calcular reajustes de preços de aluguel e de tarifa de energia elétrica – confirma as previsões de que o índice de junho pode fechar bem acima do de maio (0 38%).
O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, comentou que o resultado foi bem parecido com o do IGP-10 de junho, anunciado na terça-feira, visto que os dois períodos de coleta de preços dos indicadores são praticamente iguais. Enquanto o IGP-10 vai do dia 11 de maio a 10 de junho, a segunda prévia abrange o período de 21 de maio a 10 de junho.
Mas, a segunda prévia registrou um fato novo: o impacto, na inflação do atacado, da recente desvalorização do real ante o dólar. Com a influência do câmbio, os preços do atacado, de maior peso na formação do indicador, subiram 0,74%, ante alta de 0,38% na segunda prévia de maio. ?Vários produtos que sofrem influência do dólar estão com os preços em alta no atacado?, considerou. Entre os exemplos, estão as elevações nos preços de benzeno (6,22%), celulose (2,67%) e cloreto de potássio (2,77%).
Outro fator que ajudou a puxar para cima a inflação no atacado foi a continuidade das elevações nos preços dos produtos agrícolas (0,59%), principalmente das commodities, como soja (5 58%) e milho (4,22%). Além disso, os preços dos metais também permanecem em elevação, com destaque para o cobre (30,95%). ?Mas isso não deve continuar. Os preços dos metais no exterior, que estão elevando os preços no mercado doméstico, já estão caindo?, disse o economista.
O atacado não foi o único que influenciou a aceleração da taxa. Quadros comentou que os preços da construção civil subiram 1,81% na segunda prévia do IGP-M de junho, mais do que triplo da taxa registrada em igual prévia em maio (0,53%). ?Esse setor continua sofrendo o impacto dos reajustes nos preços de mão-de-obra em São Paulo?, disse.
Na contramão do atacado e da construção civil, os preços do varejo caíram 0,38% na segunda prévia de junho, ante alta de 0,18% em igual prévia em maio. Segundo a FGV, a atual elevação nos preços dos alimentos no atacado ainda não chegou ao varejo. O setor de alimentação registrou deflação (-1,76%) na segunda prévia de junho, e ajudou a derrubar os preços para o consumidor.