A corrupção ?mina a democracia, o mercado e a confiança do investidor?. A afirmação é do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, numa entrevista ontem pela manhã.
Snow, que chegou domingo ao Brasil para uma visita de três dias, não quis comentar, entretanto, a crise política e as denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público que envolvem o governo Lula. Segundo ele, esse é um ?assunto interno?.
O secretário do Tesouro considera que a democracia brasileira é ?robusta? e que não deve ser afetada pelas denúncias. Para ele, as instituições brasileiras já mostraram um ?compromisso com a democracia?.
Como prova disso, Snow citou a reação do mercado financeiro à crise política. Apesar de ter sido verificado um certo nervosismo na semana passada, o dólar continua cotado abaixo de R$ 2,40 e o risco-país permanece por volta dos 400 pontos.
?O risco subiu um pouco, mas está bem abaixo de 2002?, afirmou ele.
Juros
Snow também afirmou que os juros altos adotados pelo governo brasileiro para conter a inflação reduzem os investimentos. Ele afirmou que vai conversar sobre os juros com o ministro Antônio Palocci (Fazenda) e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, durante as reuniões agendadas com os dois durante sua estada no Brasil.
A taxa básica de juros (Selic) está em 19,75%. O mercado espera que o Banco Central inicie um processo de redução já neste mês. A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), entretanto, não deu garantias de que os juros caem já.
Apesar de ressaltar esse efeito negativo da política monetária, o secretário do Tesouro afirmou que, de maneira geral, e equipe econômica acerta na política econômica e elogiou o esforço fiscal. ?Boas políticas nunca são um constrangimento ao crescimento.?
O Brasil mantém como meta obter um superávit primário (receitas menos despesas, excluídos os gastos com juros) de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
Questionado sobre os motivos que levariam os EUA a terem déficit público se o superávit primário era tão positivo, Snow afirmou que o país ?trabalha muito? para pôr as contas em ordem e que o déficit já vem caindo.
