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Secretário defende entrada do Brasil na OCDE e diz que momento é crucial

O secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, avaliou que este é um momento crucial para o futuro do Brasil e, ainda que de forma indireta, defendeu a entrada do País na entidade. A análise do número 1 da instituição que tem sede em Paris pode ser vista no Relatório Econômico “Active with Brazil”, da Organização, lançado nesta quarta-feira, 28, com direito à viagem da cúpula da OCDE ao País.

“O Brasil é a sétima maior economia do mundo. É o terceiro maior membro não-pertencente à OCDE e, nas últimas duas décadas, foi o parceiro-chave mais envolvido da instituição, como uma fonte de experiência política valiosa”, descreveu o mexicano na apresentação do documento.

Para Gurría, o pedido do Brasil para a adesão à OCDE (feito em maio do ano passado) é um sinal de que o País está pronto para consolidar ainda mais sua agenda de reformas. “A participação do Brasil nas atividades da OCDE enriqueceu nosso trabalho e nos ajudou a encontrar soluções para os desafios globais”, disse, acrescentando que o Programa de Trabalho Conjunto OCDE-Brasil, 2016-17 transformou a cooperação já próxima entre as partes em uma “verdadeira parceria”.

O secretário explicou que o processo de adesão à Organização é transformador e visa a aproximar os candidatos aos princípios e boas práticas da OCDE. Também oferece, de acordo com ele, uma oportunidade para que o candidato e os membros da OCDE se envolvam efetivamente em uma ampla gama de questões políticas.

“De fato, o papel do Brasil na família da OCDE está aumentando constantemente; participa de mais órgãos, projetos e programas da entidade e aderiu a mais instrumentos da OCDE do que qualquer outro país parceiro”, enalteceu.

Após a formalização feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, havia uma expectativa de que a solicitação fosse avaliada pelos membros nos meses seguintes. No entanto, até o momento, não houve um resultado oficial. Também concorrem a um posto os sul-americanos Peru e Argentina e os europeus orientais Bulgária, Croácia e Romênia.

Consenso

Para que um novo membro entre no já chamado “clube dos ricos” é preciso haver um consenso entre os 35 participantes. Integrantes do governo enfatizam que a maior parte deles já declarou, ainda que informalmente, apoio ao Brasil. O grande empecilho são os Estados Unidos, dono da maior parte do orçamento da OCDE. Em encontro recente com representantes brasileiros, autoridades americanas enfatizaram que gostariam de uma reformulação da entidade antes que novos membros passassem a fazer parte dela.

Não detalharam, no entanto, quais seriam essas reformas. O que se sabe dos bastidores é que a maior economia do mundo não está interessada na entrada de muitos mais membros na Organização, em especial de países do leste europeu.

“Este é um momento crucial para o futuro do Brasil. Um retrocesso econômico grave está sendo deixado para trás e os esforços de reforma do Brasil para consolidar o equilíbrio fiscal do governo e promover a estabilidade macroeconômica – incluindo a indispensável reforma da Previdência – abrem caminho para um crescimento mais sustentável”, avaliou no relatório Gurría, que não esconde o interesse de o Brasil fazer parte da Organização.

O secretário afirmou que espera um maior aprofundamento do compromisso mútuo para continuar a projetar, desenvolver e oferecer melhores políticas para os brasileiros.

Apesar de muitos afagos, o secretário também enfatizou que o País precisa, no futuro, continuar a enfrentar o alto grau de desigualdade que afeta o bem-estar e o crescimento econômico. “Também deve aumentar os níveis de investimento, melhorando o clima de negócios e o acesso ao financiamento, promovendo a inclusão de gênero e as oportunidades para as mulheres, além de aumentar sua participação nas cadeias de valor globais para colher e distribuir os benefícios da globalização”, avisou. “A OCDE está pronta para apoiar o Brasil nesses empreendimentos”, continuou.

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