O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, encontrou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na tarde desta terça-feira (15) para esclarecer os comentários que fez anteriormente sobre o congelamento das aposentadorias.

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Segundo relatos, Waldery encontrou o presidente fora da agenda oficial para esclarecer a proposta defendida por ele em entrevista ao portal G1 de congelar por dois anos o reajuste dos aposentados e teria falado em tom de desculpas pelos ruídos.

Integrantes da Economia ouvidos pela reportagem receberam a informação do encontro com alívio, por verem no gesto um movimento que contribuiria para pacificar os ânimos e diminuir a pressão sobre a saída do secretário.

Uma eventual demissão no calor do momento seria vista, ao menos para parte dos membros da Economia, como algo ainda pior para a equipe de Paulo Guedes ao representar uma perda de respaldo às propostas estudadas pelo time de técnicos.

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A fritura de Waldery ocorre em um momento em que o Ministério da Economia como um todo está sob pressão do restante do governo, que demanda sobretudo mais recursos do Tesouro. O secretário é um dos principais defensores da responsabilidade fiscal e de regras como o teto de gastos.

Apesar de receber críticas de colegas, inclusive por sua linguagem batizada de “hermética”, Waldery é mencionado no Ministério como alguém honesto politicamente e a postura de encontrar o presidente teria coerência com essa personalidade, segundo os relatos.

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Na equipe econômica, outros integrantes ouvidos ficaram irritados com a entrevista de Waldery. A interpretação de interlocutores do ministro é que ele pode ser considerado um excelente técnico e oferecer cardápios de soluções, mas não poderia se comportar como um porta-voz do governo publicamente.

Essa postura de porta-vozes, segundo membros, é herança de uma fase anterior da pasta, que precede a reformulação da interlocução política do governo. Naquela época, o Ministério tinha que ir a campo defender suas propostas e as falas públicas dos integrantes eram mais frequentes. Agora, esse cenário teria mudado e certos membros ainda precisariam ser “enquadrados”.

As opiniões sobre qual deve ser o destino do secretário ainda são divididas. Dentro da equipe econômica há quem fale que a situação para ele ficou insustentável. Por outro lado, até na cúpula do Ministério há quem defenda que não é o caso de demissão por causa do episódio.

A decisão seria somente de Guedes, que ainda não comunicou claramente à equipe qual o destino de seu secretário especial de Fazenda.

Waldery virou alvo das pressões nesta terça-feira (15) pela manhã, quando Bolsonaro publicou vídeo em redes sociais em que comentava matérias de jornais impressos do dia. Entre elas, manchete da Folha de S.Paulo sobre o plano do governo de revisar cerca de 2 milhões de benefícios destinados a idosos e deficientes para poupar R$ 10 bilhões por ano.

As outras matérias tratavam do plano comentado por Waldery ao portal G1, sobre congelamento de aposentadorias por dois anos, para bancar o Renda Brasil.

A ideia de congelar o valor dos benefícios, segundo Waldery, seria incorporada à PEC (proposta de Emenda à Constituição) do Pacto Federativo, relatada pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC) no Congresso. O tema não está no texto original enviado aos parlamentares, mas o secretário disse que a inclusão seria negociada com o senador.

Bolsonaro ameaçou com “cartão vermelho” integrantes da equipe econômica que defenderem medidas como o corte de benefícios de aposentados e portadores de deficiência. “Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família. E ponto final”, afirmou.