A seca que assola a maior parte do território da Argentina já provocou a perda de 35% da produção de cereais e oleaginosas da safra 2007-2008 e poderia levar à queda de 20% em 2008-2009. A falta de chuvas, a maior desde 1961, também coincide com o principal confronto ocorrido desde a década de 1950 entre um governo argentino e os agricultores.

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As quatro maiores associações ruralistas do país avaliam a retomada dos protestos contra o governo a partir do fim de fevereiro. As entidades estão revoltadas contra os pesados impostos que a presidente Cristina Kirchner aplica ao setor, além da ausência de medidas de ajuda para os agricultores afetados pela seca.

Integrantes da Federação Agrária, a mais combativa entidade do quarteto, propuseram na semana passada a deflagração de uma “rebelião fiscal” contra a presidente Cristina. O fator “seca-ruralistas-arrecadação” complica o cenário deste ano para o governo argentino, que também enfrenta uma drástica queda na atividade industrial, o aumento do desemprego e da pobreza, além de decisivas eleições parlamentares.

Nesta semana, possivelmente na quarta-feira, o governo anunciará medidas para amenizar os efeitos da seca. No entanto, elas consistiriam apenas em subsídios para os produtores atingidos. Os ruralistas pedem ao governo que também decrete a “emergência agropecuária”, que beneficia agricultores com o adiamento dos pagamentos dos impostos. Nos últimos dias, ministros do gabinete de Cristina Kirchner deixaram claro que não pretendem reduzir os impostos sobre as exportações, nem implementar anistias tributárias.

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Segundo estimativas das Confederações Rurais Argentinas (CRA), a seca provocará prejuízos de US$ 4,104 bilhões em 2009. Além da queda em mais de um terço da produção de grãos, a falta de chuvas já provocou a morte de 1,5 milhão de cabeças de gado. Os efeitos colaterais dos fatores políticos também provocariam perdas adicionais de US$ 3,6 bilhões. O Brasil, que depende altamente do trigo argentino, será um dos principais atingidos.