Foto: Agência Brasil |
Luiz Carlos Guedes Pinto: governo está observando o setor. |
O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, alertou que, se os preços do álcool subirem de forma descontrolada, o governo vai intervir no mercado. Segundo ele, a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de que o Ministério da Agricultura acompanhe atentamente o mercado e, se houver uma alta excessiva, convoque o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) para rever o porcentual de mistura do álcool na gasolina, hoje em 23%.
O ministro ponderou, no entanto, que a variação no preço verificada neste período de entressafra da cana-de-açúcar está dentro dos parâmetros normais para esta época, quando os preços tendem a aumentar por causa da menor oferta e do custo de carregamento dos estoques.
Guedes diz que a situação está tranqüila e que não deve ser necessária a intervenção do governo, mas ponderou: ?O governo não ficará passivo.? O ministro disse que a situação dos estoques é ?confortável?. Segundo ele, a previsão é de que no final da entressafra, em maio, os estoques estejam em torno de 500 milhões de litros de álcool. Guedes disse que o estoque de álcool é hoje de cerca de 5,2 bilhões de litros para um consumo mensal de 1,1 bilhão de litros. ?Temos estoque confortável e não há motivo para pressão de preços?, disse.
Ele também destacou que a variação de preços neste ano é menor que a verificada em mesmo período de anos anteriores. Segundo o ministro, não haverá reunião do Cima para se discutir o aumento do porcentual de mistura de álcool na gasolina, de 23% para 25%, como desejava o setor. Segundo ele, seria um contra-senso um aumento no porcentual neste momento de alta de preço.
Ele voltou a dizer que houve um aumento da demanda de álcool em dezembro por conta do apagão aéreo que levou os brasileiros a recorrer ao transporte terrestre. Neste período de final de ano já ocorre um aumento de consumo por conta das férias e das festas. Normalmente, segundo Guedes, se espera um aumento de 10% no consumo, mas em 2006 foi de 13%. Ele também falou que o crescimento no número de usuários de carros ?flex fuel? (que utilizam mais de um combustível) contribui para esse aumento de demanda.
Curitiba
Ao contrário de São Paulo, em Curitiba o preço do álcool não apresentou qualquer alteração. Os preços do combustível nos postos locais, divulgados pela pesquisa do Procon Paraná – mínimo de R$1,449, máximo de R$ 1,599 e médio de R$ 1,51 – no último dia 27 de dezembro, permanecem os mesmos esta semana.
Sindicato paulista prevê aumento maior até o carnaval
Sorocaba, SP (AE) – O preço do álcool pode chegar a R$ 1,70 para o consumidor no Carnaval, se continuar subindo no ritmo atual, advertiu ontem a presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), Ivanilde Vieira. O produto acumula aumento de 25% nos últimos 20 dias, e continua subindo e há risco de atingir os níveis de preços praticados na entressafra do ano passado. Na época chegou a faltar este combustível nos postos.
?A situação, hoje, é bem diferente, pois há álcool estocado. Não é admissível que se aumente tanto?, afirmou Ivanilde. Os reajustes são quase diários, segundo a sindicalista, que também é dona de postos. ?Ontem (quinta-feira) recebi a R$ 1,19 e hoje (ontem) estou pagando R$ 1,22 o litro.? Os reajuste são repassados para o preço nas bombas.
Em Sorocaba, o combustível era vendido ontem a R$ 1,45 em muitos postos. ?Falei com outras regionais do sindicato e a situação está igual em todo o estado.? Ivanilde considerou ?conversa fiada? a disposição do governo de intervir no mercado, reduzindo o percentual de mistura do álcool anidro na gasolina, que é de 23%. ?Todo mundo sabe que há 4,5 bilhões de litros em estoque, suficientes para abastecer o mercado. O que está havendo é especulação, ganância pura.?
Única
Em resposta à ameaça do governo de reduzir o percentual de álcool na gasolina, a Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar) divulgou no início da noite de ontem que o preço do álcool combustível funciona em regime de livre mercado desde o final da década de 90 e reage de acordo com a oferta e demanda.
?Vale ressaltar que o álcool é o único combustível cujos preços são determinados pelo mercado, sendo influenciado pelos períodos de safra e entressafra?, diz em nota.