O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman afirma que a previsão do governo de estabilizar a dívida bruta em 66% do PIB a partir de 2016, tendo em vista as novas metas de superávit primário, é “uma piada de mau gosto”. “Nós já estávamos céticos de que as antigas metas entregariam uma relação dívida bruta/PIB estável (estimamos que para isso seria preciso um superávit de mais de 3,5% do PIB em 2016). A menos que as taxas de juros sejam cortadas severamente, não há simplesmente jeito nenhum de entregar esse resultado”, escreve ele em relatório enviado a clientes na noite de quarta-feira, 22.
Segundo Schwartsman, se o Banco Central de fato estava usando as antigas metas de superávit nas suas estimativas de inflação, será preciso atualizar os modelos usados. Para ele, se o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir reduzir o ritmo de aperto na reunião da próxima semana para alta de 0,25 ponto porcentual, “o que existe de credibilidade” será “corroído rapidamente”.
“Em resumo, embora o anúncio de novas metas fosse largamente esperado, minha visão é que isso será um alerta sobre as graves dificuldades no âmbito fiscal. Nada bom pode sair disso”, escreve Schwartsman.