A extinção de 1,528 milhão de postos de trabalho no primeiro trimestre de 2018 tem relação com a sazonalidade característica desse período do ano, quando trabalhadores temporários contratados ao fim do ano anterior são dispensados. No entanto, o ritmo lento de recuperação da atividade econômica também pode estar por trás do mau desempenho do emprego, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É comum ter corte de vagas, devido à sazonalidade. Tem contratação de temporários no fim do ano e no início do ano seguinte tem a dispensa desses trabalhadores. Geralmente eles atuam mais nos serviços e no comércio”, apontou Azeredo. “Não é só pelo fator da sazonalidade, tem aí a perda pelo desaquecimento da economia também”, completou.
O comércio dispensou 396 mil trabalhadores no primeiro trimestre, mas houve demissões consideráveis também na indústria (-327 mil vagas), construção (-389 mil vagas), administração pública, educação e saúde (-267 mil empregos) e serviços domésticos (-169 mil vagas). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
“Na construção, o problema são essas obras paradas, há vários empreendimentos imobiliários parados. Na indústria, é a crise política, a crise econômica. Quando a indústria é afetada, quando a construção é afetada, as pessoas acabam perdendo emprego, e você vai ter uma queda na ocupação no comércio também, com as pessoas comprando menos”, explicou Azeredo.
Com um maior contingente de desempregados e a renda da família afetada, caiu também o total de empregados domésticos, segundo o IBGE.
“Ao contrário do que aconteceu no passado, você não está perdendo empregada doméstica aqui (na pesquisa) porque ela arrumou uma vaga melhor em outra área. É falta de oportunidade mesmo, é porque a população não está conseguindo manter a empregada doméstica”, justificou Azeredo.