O presidente da França, Nicolas Sarkozy, lançou ontem a proposta de um “mundo multimonetário”, à imagem do multilateralismo político, que seria marcado pela adoção de múltiplas moedas de referência internacional. A proposição, apresentada no seminário Novo Mundo, Novo Capitalismo, realizado na capital francesa – com a presença de acadêmicos como o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e o consultor especial da ONU Jeffrey Sachs -, tem endereço certo: a fraqueza crescente do dólar.
A proposta será apresentada à União Europeia e à comunidade internacional na próxima reunião do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo). O objetivo do presidente francês é reverter o ônus criado pela desvalorização excessiva do dólar sobre moedas como o euro – e o real -, que sofrem o impacto da baixa da divisa americana nos mercados financeiros. Ontem, um euro era vendido a US$ 1,439. Segundo Sarkozy, a indústria e o comércio internacionais sofrem distorções provocadas por moedas subvalorizadas.
Para o chefe de Estado, o problema é responsável, por exemplo, pela transferência de indústrias de países desenvolvidos para países em desenvolvimento, criando desemprego nos países ricos e exploração da mão de obra barata em emergentes. Há dois dias, Sarkozy já havia defendido o compartilhamento da responsabilidade do dólar como moeda de referência internacional: “Se fabricamos em euros e vendemos em dólar, com o dólar que cai e o euro que sobe, como vamos compensar o déficit de competitividade?”, questionou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.