O Grupo São Martinho anunciou ontem a compra de 32,18% da usina Santa Cruz, localizada em Américo Brasiliense, interior paulista. Além da fatia na usina, o São Martinho adquiriu também 17,97% da Agropecuária Boa Vista S/A, que detém as terras onde ficam as usinas e a cana-de-açúcar da Santa Cruz.
“Como a Santa Cruz possui ações da Boa Vista, vamos ter 32,52% da Boa Vista por meio de participação direta e indireta”, disse o presidente da São Martinho, Fábio Venturelli. Segundo ele, a empresa vai desembolsar R$ 187,4 milhões pelas participações na Santa Cruz e na Agropecuária Boa Vista.
Esse total será pago em três parcelas, sem correção monetária. “Vamos pagar com a própria eficiência de nossa operação e isto não irá afetar o nosso endividamento”, disse. O Grupo São Martinho possui um dos menores endividamentos do setor, com uma relação entre dívida e geração de caixa (Ebitda) inferior a 1.
Do total desembolsado, R$ 55,5 milhões irão para o pagamento da usina e R$ 131,9 milhões para a compra das terras. A primeira parcela, de R$ 59,4 milhões, será paga no ato. Outros R$ 63 milhões serão pagos em um ano e R$ 67 milhões, em dois anos.
A usina Santa Cruz possui uma capacidade de moagem de 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, que está completamente tomada, de acordo com Venturelli. O executivo afirma que a empresa produziu, na safra 2010/11, 300 mil toneladas de açúcar e 150 milhões de litros de etanol. “Ela conta com 90% de cana própria, sendo 42% em terras próprias, com 84% da colheita mecanizada e 92% do plantio mecanizado. É uma das mais modernas usinas do País, em linha com as outras unidades do Grupo São Martinho”, disse.
Com a participação da Santa Cruz, o Grupo São Martinho passa a ter uma capacidade de processamento de 16,5 milhões de toneladas por ano – o grupo figura na lista das dez primeiras usinas do País por produção e das cinco maiores por receita. A Santa Cruz também produz 240 mil megawatts/hora de bioeletricidade, dos quais 175 mil megawatts foram comercializados no leilão de fontes alternativas de 2007 a um preço de R$ 160 por MW. Em 2010, a Santa Cruz teve uma receita de R$ 481 milhões e um Ebitda ajustado de R$ 217 milhões, atingindo uma margem de 47,6%.
“Vamos ter ganhos significativos em sinergia com a Santa Cruz, principalmente no corte, carregamento, transporte e plantio da cana, que respondem por 75% dos custos de produção”, disse Venturelli. O Grupo São Martinho tem o direito de preferência para adquirir o controle da Santa Cruz e, nesse caso, a Santa Cruz quer ações da Agropecuária Boa Vista como pagamento. Nesse momento, será criado um conselho de administração com cinco membros, onde a São Martinho terá duas cadeiras.
De acordo com Venturelli, o Grupo São Martinho entrou na Santa Cruz adquirindo ações de minoritários que quiseram sair da empresa. Com a entrada da São Martinho, a Luiz Ometto Participações permanece como principal acionista, com 55,31% do controle. Outros minoritários detêm 12,51% de participação, ficando o restante com o São Martinho.
A compra da Santa Cruz se deu por valores abaixo dos registrados no mercado atualmente. A usina Santa Cruz saiu por cerca de US$ 89 por tonelada, ante US$ 130 registrados recentemente. Além disso, se for descontado o valor atribuído à venda de energia elétrica da cogeração, o negócio saiu a US$ 69 por tonelada. Em relação ao total pago pelas terras da Boa Vista, a São Martinho desembolsou cerca de R$ 50 mil por alqueire. Recentemente, as terras da São Martinho em Pradópolis (SP) foram avaliadas em R$ 84,7 mil por alqueire.