Santander: nova equipe econômica vê fiscal como causa da recessão

O ponto alto na troca da equipe econômica é a guinada na forma de avaliar as razões da crise fiscal, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan. De acordo com ele, a equipe anterior via o desajuste nas contas públicas como uma consequência da falta de crescimento econômico. Já a nova equipe vê o desarranjo fiscal como a causa da recessão.

Segundo Molan, o que define a redução do risco País, com o CDS (Credit Default Swap) recuando de 500 para 336 pontos básicos hoje, é o fato de o mercado atribuir ao ajuste fiscal seriedade e caráter duradouro.

O chefe do Departamento Econômico do Santander fez tal afirmação ao ser indagado se com Henrique Meirelles à frente do Ministério da Fazenda o Banco Central se livraria do peso de atuar para conter os impactos da política fiscal. Parte expressiva dos profissionais do mercado sempre explicou a elevada taxa de juros como um instrumento de combate à inflação, mas especialmente para acomodar os efeitos de uma política fiscal expansionista.

“Hoje o mercado se dá o benefício da dúvida sobre a equipe econômica. Sabe que é árdua a tarefa de levar o fiscal ao equilíbrio, mas conta com um ajuste”, disse Molan. Para o economista, sem uma política fiscal austera, o problema da política monetária será apenas mais um. “O que está em jogo hoje não é a política monetária, é a fiscal, porque é ela que coloca ou não o País na trajetória do crescimento”, afirmou o economista.

Referindo-se especificamente ao presidente indicado do BC, Ilan Goldfajn, Molan diz acreditar que ele tem plena consciência de que com a atual intensidade da recessão o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tende à redução e à convergência à meta inflacionária.

“O que vimos nas últimas semanas foi uma queda forte do câmbio que ajudou na ancoragem das expectativas”, disse. Para ele, a combinação de recessão profunda com câmbio menor que no ano passado amplia a possibilidade de um afrouxamento monetário, independente do nome que estiver à frente do BC.

“Acho que qualquer um pode ter o seu preconceito em relação ao viés do Ilan (Goldfajn) como presidente do BC. Mas o ponto-chave agora é a confirmação da equipe e como ele vai se pronunciar no Senado durante a sabatina e se comunicar, quando efetivamente entrar no BC, através das atas, relatórios de inflação e nas entrevistas”, disse.

O economista não espera uma grande mudança na diretoria do BC quando Goldfajn chegar ao BC. Para ele, é praxe um presidente quando nomeado sempre trocar dois ou três diretores.

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