O Santander está estável no Brasil, tem balanço “extremamente sólido” e não está envolvido em grandes transformações, de acordo com o presidente do banco, Sérgio Rial. “O ano de 2015 se caracteriza pela continuação da melhoria que se nota últimos três anos. 2014 foi melhor que 2013 e 2015 foi melhor que 2014. Em 2016, vamos trabalhar duro para que seja melhor que 2015”, avaliou o executivo, em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quarta-feira, 27.

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Segundo ele, o Santander Brasil conseguiu melhorar boa parte de seus indicadores, com crescimento de dois dígitos no resultado e avanço na qualidade dos ativos. “Tivemos excelência em gestão de custos em 2015”, destacou Rial. O banco inaugurou hoje a temporada de balanços dos grandes bancos de capital aberto ao anunciar lucro líquido gerencial, que não exclui o ágio da compra do Real, de R$ 1,607 bilhão no quarto trimestre de 2015, cifra 5,65% maior que a vista em um ano, de R$ 1,521 bilhão. No ano passado, o resultado gerencial do Santander totalizou R$ 6,624 bilhões, aumento de 13,2% em relação a 2014, de R$ 5,850 bilhões.

Rial comentou ainda sobre as expectativas macroeconômicas para 2016. Ele admitiu que o ano será difícil, mas que o Santander já se preparou para momentos mais desafiadores. De acordo com o executivo, a inflação deve vir menor esse ano, mas o PIB deve fechar no negativo novamente. “Matematicamente, é impossível reverter isso. Acreditamos em uma inflação menor, embora a implícita ainda seja de 9%. Não estamos vendo pressão tão negativa nos juros (Selic) como alguns analistas veem”, avaliou ele.

‘Rentabilização’

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O presidente do Santander Brasil afirmou que não somente lucro, mas também uma maior rentabilização do capital do banco é necessária. “O banco está se movimentando na direção certa. Vamos rentabilizar da maneira melhor esse passivo. Somos referência em captações e vemos uma oportunidade aqui”, disse ele, citando as críticas do mercado em relação ao retorno (ROE, na sigla em inglês) da instituição.

O retorno sobre o patrimônio líquido do banco (ROE, na sigla em inglês), excluindo o ágio, ficou em 12,4% no quarto trimestre, contra indicador de 12,8% nos três meses anteriores. Em um ano, teve melhora de 1,3 ponto porcentual.

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Rial afirmou ainda que o Santander vai focar em pilares de crescimento e um deles é a GetNet, braço do banco na área de adquirência. De acordo com ele, a empresa encerrou 2015 com participação de mercado de 8,0% a 8,5%. “Seguimos rumo aos 10% e vamos continuar crescendo nos próximos anos”, reafirmou o presidente do Santander.

O Santander, por meio da controlada GetNet, capturou R$ 83,065 bilhões em suas máquinas de cartões (POS, na sigla em inglês) no ano de 2015, montante 36% maior que o visto em 2014, de R$ 60,922 bilhões. Já o volume de transações alcançou 818,3 milhões, aumento de 29%.

O presidente do Santander disse ainda que o banco vê o canal digital como uma obrigação e não como precursor de fechamento de agências.

Inadimplência

Passados cerca de 20 meses de recessão no Brasil, está mais difícil controlar os níveis da inadimplência nos patamares anteriores, de acordo com Sérgio Rial. “Em 2015, fomos capazes de mostrar estabilidade (na inadimplência). O quadro para 2016, após 18 ou 20 meses de recessão, é que o espaço se torna mais difícil. Não é improvável que o sistema como um todo apresente uma inadimplência mais alta”, avaliou o executivo.

O Santander Brasil manteve seu indicador de inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, estável no quarto trimestre de 2015, em 3,2%. Trata-se do segundo trimestre consecutivo em que o índice permaneceu neste patamar, conforme demonstrações financeiras da instituição. Em um ano, os calotes do Santander Brasil tiveram melhora de 0,1 ponto porcentual.

Sem dar guidances para os calotes, Rial disse que a obrigação do Santander é estar “entre os melhores” em relação ao controle da inadimplência. Segundo ele, o banco está focado em dar total atenção para a qualidade de seus ativos. Afirmou ainda que os bancos têm tido papel extremamente responsável como parte solução no cenário atual. “Cheque especial hoje é inviável. Não vejo a indústria financeira agindo como na década 80. Os bancos estão extremamente ativos”, destacou ele.

Sobre a inadimplência de curto prazo, que leva em conta atrasos entre 15 e 90 dias, o presidente do Santander afirmou que o aumento visto no último trimestre de 2015 ocorreu devido a um ou dois casos corporativos que já foram regularizados. O indicador teve piora de 0,7 ponto porcentual de setembro para dezembro, atingindo 5,0%. Em um ano, a deterioração da qualidade dos ativos foi ainda mais acentuada. Os calotes subiram 0,9 ponto porcentual.

“Os bancos no Brasil estão prontos a ajudarem empresas a se refinanciarem. Não vejo risco de refinanciamento no País. Não há preocupação com um segmento específico. É preciso olhar para todos”, ressaltou Rial.

Petrobras

O presidente do Santander Brasil afirmou que a Petrobras e a cadeia de óleo e gás estão “absolutamente” endereçadas quando o assunto é provisão para devedores duvidosos, as chamadas (PDDs). “Nosso nível de provisionamento está adequado”, resumiu ele, em conversas com jornalistas.

Mais cedo, o executivo-chefe do grupo espanhol, José Antonio Álvarez, afirmou, em teleconferência com analistas, que o aumento de provisões no Brasil, na contramão do resultado global do banco, se deu especialmente para cobrir eventual calote de empresas investigadas pela operação Lava Jato e, por isso, tal reserva não deve se repetir nos próximos trimestres.

As despesas com PDDs do Santander totalizaram R$ 3,497 bilhões no quarto trimestre de 2015, aumento de 25,12% em um ano, quando estavam em R$ 2,795 bilhões. Ante os três meses anteriores, de R$ 2,975 bilhões, foi identificada elevação de 17,6%. O saldo de PDDs do Santander alcançou R$ 16,832 bilhões de outubro a dezembro, aumento de 15,4% em um ano, quando estava em R$ 14,582 bilhões. Na comparação com o terceiro trimestre de 2015, de R$ 15,605 bilhões, a cifra aumentou 7,9%.

Questionado sobre a Sete Brasil, da qual o Santander é acionista, Rial disse que a empresa terá desenho diferente do inicial, mas não quis dar mais detalhes sobre a situação da companhia, que também tem BTG Pactual, Petrobras, Petros, Funcef, Previ, Valia, entre outros, como sócios. Sobre a possibilidade de já ter baixado o investimento a prejuízo, ele também não comentou.